A imagem de uma jovem triste decorava uma porta da sala de espetáculos Bataclan, um dos locais do ataque. A porta metálica foi encontrada na Itália, um ano depois de seu roubo.
Um tribunal de Paris deve determinar durante o julgamento de três dias o papel desempenhado pelos oito acusados - sete franceses e um italiano - no roubo e na ocultação da obra.
O crime aconteceu em 26 de janeiro de 2019. Pouco depois das 4h00 da madrugada, um veículo branco parou perto da porta lateral por onde fugiram os sobreviventes do atentado ao Bataclan, em 2015.
Três homens mascarados saíram do carro, cortaram as dobradiças com ferramentas ligadas em um gerador e, em menos de 10 minutos, saíram com a obra, que estava protegida por um acrílico.
O roubo deste "símbolo de recolhimento e de pertencimento a todos, vizinhos, parisienses, cidadãos do mundo" indignou os então responsáveis pela sala de espetáculos.
Os investigadores reconstituíram gradualmente a operação dos ladrões e conseguiram encontrar a porta em uma fazenda em Sant'Omero, uma cidade no centro da Itália, em 10 de junho de 2020.
Kevin Gadouche, Franck Grillet-Aubert e Danis Gerizier, na casa dos 30 anos, confessaram o roubo quando foram detidos, mas os dois últimos afirmaram que apenas obedeceram ordens.
Mehdi Meftah, um amante de arte de rua que guardou a porta no sul da França antes de que seguisse para a Itália, é suspeito de é suspeito de tê-lo "encomendado".
Durante a investigação, o homem de 41 anos, criador da marca de roupas de luxos "BL1.D," negou ser o mandante do roubo. Meftah disse que enfrentou um "fato consumado" antes de decidir "empurrar o problema" para a Itália.
Os quatro últimos acusados são julgados por ter, supostamente, transportado a obra.
- "Não sabia o que roubava" -
A identidade do artista britânico Banksy, que reivindica obras com mensagens políticas no mundo inteiro, é um mistério. Suas obras são leiloadas por milhões de dólares.
O preço da porta foi estimado entre 500.000 e 1 milhão de euros (536.000 e 1,07 milhão de dólares), um valor ainda em discussão.
"Por mais que meu cliente conhecesse o Bataclan, esse trabalho de Banksy não é algo que lhe seja particularmente familiar (...) Na verdade, ele não sabia o que roubava", segundo Romain Ruiz, advogado de Grillet-Aubert .
O gestor da sala de espetáculo do Bataclan apelou para a restituição da porta aos proprietários do edifício.
O julgamento começou ao mesmo tempo que o processo dos atentados de 13 de novembro de 2015, que deixaram 130 mortos em Paris e nos arredores, entrou na fase dos argumentos finais, nove meses depois de seu início".
PARIS