O Ministério Público da França pediu a prisão perpétua, sem liberdade condicional, para o francês de 32 anos pela "imensa gravidade dos fatos", durante aquela noite de horror e morte nos bares e cafés da capital francesa, e na casa de shows Bataclan.
"Apesar de suas palavras, de suas lágrimas, Salah Abdeslam continuou fiel até o fim à sua ideologia" e nunca manifestou "o mínimo arrependimento", ressaltou Camille Hennetier, uma das representantes do Ministério Público.
As penas pedidas contra os 20 acusados vão desde cinco anos de reclusão até prisão perpétua sem liberdade condicional para Abdeslam e outros dois ex-integrantes do alto escalão do grupo Estado Islâmico, que são dados como mortos, pois teriam perdido suas vidas em algum lugar da Síria ou do Iraque.
A prisão perpétua "real" é aplicada em pouquíssimos casos na França. A pena máxima prevista no Código Penal apenas foi decretada em quatro ocasiões desde a sua instauração em 1994, para condenados por matar crianças, após violentá-las e torturá-las.
A Promotoria Nacional Antiterrorista (Pnat) da França também reivindicou a prisão perpétua para Mohamed Abrini, o "homem do chapéu" nos atentados de Bruxelas de março de 2016, mas com um período de cumprimento obrigatório de 22 anos.
Abrini teria se recusado a detonar seus explosivos na noite de 13 de novembro de 2015 e retornado à Bélgica.
Abdeslam foi detido na Bélgica em 18 de março de 2016, quatro dias antes de ataques jihadistas que deixaram 32 mortos no metrô e no aeroporto de Bruxelas.
Além disso, o sueco Osama Krayem e o tunisiano Sofien Ayari foram condenados à prisão perpétua, com 30 anos de cumprimento obrigatório, como "integrantes de alto nível" de uma célula suspeita de planejar um ataque em 13 de novembro no aeroporto de Amsterdã.
- Veredito em 29 de junho -
Mais de seis anos depois dos piores atentados cometidos em Paris desde a Segunda Guerra Mundial, este julgamento fora do comum por sua duração, as mais de 2.500 partes civis e sua carga emocional, chega ao fim.
"Quero oferecer minhas condolências e pedir perdão a todas as vítimas", declarou Abdeslam, com lágrimas nos olhos, no último dia de interrogatório em meados de abril. "Apenas peço hoje que me odeiem com moderação" e "me perdoem", disse.
Após as alegações apresentadas pela acusação nesta sexta, será a vez de a defesa fazer o mesmo a partir de 13 de junho. O veredicto sobre o atentado, que comoveu o mundo, é esperado para 29 de junho.
A Europa enfrentava na época uma série de atentados jihadistas enquanto uma coalizão internacional lutava contra a organização Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque. Em paralelo, milhares de sírios chegavam ao território europeu fugindo da guerra que assolava o país.