"Este recurso está indeferido", anunciou um magistrado do Tribunal Superior de Londres após examinar o caso contra o plano do governo apresentado por um sindicato e várias ONGs, que o denunciaram como "ilegal" e imoral.
Um avião deve transportar na terça-feira (14) para o país africano, que fica a 7.000 km de Londres e tem um preocupante histórico em termos de direitos humanos, os primeiros 8 expulsos como parte do plano idealizado para dissuadir as incessantes chegadas de pessoas sem documentos ao país.
Após uma primeira aprovação na sexta-feira pelo Tribunal Superior de Londres ao plano, um sindicato de agentes de imigração e as ONGs Care4Calais e Detention Action - juntamente com vários requerentes de asilo - apresentaram nesta segunda-feira um segundo recurso.
Outra ONG de ajuda a refugiados, a Asylum Aid, também entrou com seu próprio processo.
No entanto, como na sexta-feira, o tribunal novamente rejeitou seus argumentos, dando luz verde ao Executivo.
Quase em paralelo, o alto comissários das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, condenou fortemente o projeto.
"Este acordo não está correto por muitas razões", denunciou em entrevista coletiva na sede da ONU em Genebra.
Dos 31 candidatos à expulsão registrados na semana passada - incluindo sírios, iranianos, iraquianos, egípcios e afegãos - "23 pessoas tiveram canceladas suas passagens para Ruanda e 8 ainda devem partir amanhã", tuitou a organização Care4Calais.
O governo britânico negociou o plano há alguns meses com Ruanda, que já preparou um hotel para alojar quase 100 migrantes.
O governo ruandês deve receber em um primeiro momento 120 milhões de libras (157 milhões de dólares) para recebê-los e "apresentar uma via legal de residência" para que possam "estabelecer-se de forma permanente, caso desejem", de acordo com o chefe da diplomacia do país africano, Vincent Biruta.
O objetivo de Londres com o sistema, que foi criticado pela ONU, a Igreja e várias organizações, é dissuadir as travessias de migrantes a partir das costas francesas. Desde o início do ano, mais de 10.000 pessoas chegaram de maneira ilegal ao país em deslocamentos com embarcações precárias no Canal da Mancha, uma das rotas marítimas de maior tráfego do mundo.
"Os grupos criminosos que colocam em perigo a vida das pessoas no Canal de Mancha devem entender que seu modelo de negócio será derrubado durante este governo", disse Johnson à rádio LBC.
O primeiro-ministro pretende participar a partir de 20 de junho em Ruanda em um encontro da Commonwealth, a Comunidade Britânica formada por 54 países.
Ele deve se reunir com o presidente Paul Kagame, que governa Ruanda desde o fim do genocídio de 1994, quando morreram 800.000 pessoas, e cujo governo é acusado com frequência de reprimir a liberdade de expressão e a oposição política.
As ONGs temem especialmente pelos demandantes de asilo LGBTQ+, depois que o próprio ministério britânico do Interior admitiu "preocupações" sobre o tratamento reservado a estas pessoas no país africano.
Os migrantes envolvidos estão em "choque e desespero", disse Clare Moseley, fundadora da Care4Calais, na sexta-feira.
"Muitos vieram ao Reino Unido acreditando que era um bom lugar, que os trataria de forma mais justa que os países dos quais fugiram", acrescentou.