O chefe do MAS na Câmara dos Deputados, Gualberto Arispe, informou que parlamentares de seu partido se reuniram no último final de semana com o presidente Luis Arce e seu gabinete ministerial e concordaram em apresentar o pedido.
"Pedimos aos ministros da Justiça, ao Governo e à Procuradoria Geral da República que processem os golpistas, como Luis Fernando Camacho, Fernando López, Carlos Mesa, Tuto Quiroga, Samuel Doria Medina", além de "Luis Revilla e Luis Almagro", declarou Arispe ao ler a resolução do partido.
A reunião política ocorreu depois que na sexta-feira passada um tribunal criminal condenou a ex-presidente interina Jeanine Áñez a 10 anos de prisão, acusada de resoluções contrárias à Constituição e violação de deveres.
Camacho, governador da rica região de Santa Cruz (leste), foi peça-chave para fortalecer o pedido de renúncia de Morales, que estava há 14 anos no poder.
López foi ministro de Áñez, enquanto Quiroga e Mesa são ex-presidentes da Bolívia. Este último buscou a reeleição nas eleições fracassadas de 2019 e nas subsequentes de 2020, nas quais perdeu para Arce.
Doria Medina é um empresário de sucesso, Revilla um ex-prefeito de La Paz e Almagro o atual secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O partido no poder acredita que eles, juntamente com a Igreja Católica, a OEA e a União Europeia (UE), planejaram derrubar Morales em novembro de 2019.
Na justiça criminal, há desde dezembro de 2020 uma denúncia apresentada pela ex-deputada do MAS Lidia Patty contra esses opositores e a ex-presidente interina Áñez pelos supostos crimes de sedição, conspiração e terrorismo. O processo não avançou.
O MAS não explicou como pretende processar Almagro, que é uruguaio e mora em Washington.
Um relatório da OEA indicou que houve irregularidades nas eleições de outubro de 2019 vencidas por Morales, nas quais ele aspirava a um quarto mandato até 2025.
Após essa denúncia, os opositores desencadearam protestos nacionais até a renúncia do ex-presidente.
O deputado Carlos Alarcón, do centrista Comunidade Cidadã (CC), partido liderado por Mesa, respondeu em entrevista coletiva: "Não temos medo deles" e "vamos enfrentar qualquer acusação infame que começar a surgir".