Estados Unidos, Brasil, Argentina, México e Canadá adotaram a Declaração Conjunta de Exportadores Agrícolas, que inclui um aumento na produção de alimentos e fertilizantes, informou onten o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols. “Juntos, aumentaremos a produção de alimentos para exportação, a produção e transporte de fertilizantes e a eficiência agrícola”, escreveu no Twitter, especificando que a declaração foi adotada durante a Cúpula das Américas, realizada na semana passada, em Los Angeles. De acordo com um comunicado da Casa Branca, os cinco países dizem que, como grandes exportadores agrícolas, podem “fortalecer a segurança alimentar global”.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que os países importadores de alimentos pagarão mais, mas receberão menos em 2022, devido à guerra na Ucrânia. A invasão russa da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro, teve um impacto global, agravando a crise alimentar em muitos países devido ao aumento dos preços de grãos e fertilizantes. Os cinco países decidiram, portanto, agir num contexto em que quase uma em cada três pessoas no mundo não tem acesso a alimentos adequados, em que as interrupções nas cadeias de suprimentos obstruem o comércio e as mudanças climáticas ameaçam as colheitas.
O objetivo é maximizar a oferta de alimentos para tentar “manter a estabilidade de preços” e garantir que as sanções pela guerra não afetem esses produtos. Os signatários também se comprometem a prestar assistência humanitária aos mais vulneráveis, com doações. Para apoiar um maior acesso a fertilizantes, Estados Unidos, Brasil, Argentina, México e Canadá pretendem aumentar sua produção e otimizar seu uso por tonelada de alimento produzido.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, dois importantes produtores de fertilizantes, abre uma corrida para a produção desses insumos, principalmente nas Américas. A Rússia é o maior exportador de fertilizantes do mundo, com vendas de US$ 7,6 bilhões em 2020, segundo o Observatório Econômico da Competitividade (OEC), praticamente paralisado pela guerra e pelas sanções internacionais. Sua produção cobriu 12,1% da oferta global.
Trigo O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou ontem um plano do Ocidente para construir silos nas fronteiras da Ucrânia para facilitar a exportação de trigo, diante do bloqueio russo dos portos do Mar Negro. A invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, teve um impacto global com pressões inflacionárias que vêm agravando a crise alimentar devido ao aumento dos preços de grãos e fertilizantes. Biden culpou o presidente russo, Vladimir Putin, pelos altos preços dos alimentos nos Estados Unidos e advertiu que o plano para ajudar a levar mais trigo ucraniano para os mercados mundiais estava “levando tempo”.
“Estou trabalhando em estreita colaboração com nossos parceiros europeus para colocar no mercado 20 milhões de toneladas de grãos bloqueados na Ucrânia para ajudar a reduzir os preços dos alimentos”, disse Biden durante convenção sindical na Filadélfia. “O que a guerra de Putin faz não é só tentar acabar com a cultura dos ucranianos, dizimar sua gente, cometer inumeráveis crimes de guerra, mas também (faz com que) milhares de toneladas de grãos permaneçam bloqueadas”, disse o mandatário. “Não podem sair pelo Mar Negro porque são bombardeados fora da água”, acrescentou.
Biden disse que a alternativa de exportar os grãos por terra é complicada, porque as ferrovias ucranianas usam uma bitola de trilho diferente da dos países vizinhos. Para ajudar a superar a situação, “vamos construir silos, silos temporários, nas fronteiras da Ucrânia, inclusive na Polônia, para que possamos transferir (os grãos) para esses silos, (depois) para veículos na Europa e levá-los ao oceano para fazê-los chegar a todo o mundo", detalhou.
Inflação Biden, culpou a oposição republicana e a invasão russa da Ucrânia pela inflação recorde registrada em seu país. Em discurso um dia antes do anúncio do Federal Reserve (Fed, banco central) sobre a magnitude do aumento de suas taxas de juros de referência, o presidente ressaltou que a inflação prejudica “muitas famílias”. Biden voltou a rechaçar a ideia de que os gastos maciços do Estado durante a pandemia de COVID-19 fossem responsáveis pela disparada dos preços.