"Os horrores infligidos à população civil deixarão uma marca indelével, mesmo nas próximas gerações", disse a ex-presidente chilena ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
"Nos pais que tiveram que enterrar seus próprios filhos, nas pessoas que testemunharam o suicídio de seus amigos, nas famílias destruídas, em todos aqueles que tiveram que deixar uma cidade amada com perspectivas incertas de vê-la novamente", disse ela.
Durante seu discurso, Bachelet lembrou que em Mariupol, cidade portuária à beira do Mar de Azov, foi escrito um dos capítulos mais sangrentos desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.
"Entre fevereiro e o final de abril, Mariupol foi provavelmente o lugar mais mortífero da Ucrânia", afirmou.
Em maio, após meses de cerco, a Rússia assumiu o controle da cidade depois que a Ucrânia pediu que seus últimos soldados escondidos na siderúrgica Azovstal se rendessem.
Milhares de pessoas deixaram a cidade, durante os três meses de luta. Segundo Bachelet, 1.348 civis morreram durante o cerco da cidade, incluindo 70 crianças. "Essas mortes foram causadas por ataques aéreos, bombardeios de tanques e artilharia e armas pequenas e leves durante os combates de rua", disse.
No entanto, ela admitiu que o saldo poderia ser muito maior. O escritório de Bachelet estima que até 90% dos edifícios residenciais em Mariupol foram danificados ou destruídos e cerca de 350.000 pessoas tiveram que fugir da cidade.
A alta comissária salientou ainda que os residentes continuam "lutando todos os dias com acesso limitado a serviços básicos e sociais, como cuidados de saúde".