O ator Kevin Spacey, que em 2017 viu sua carreira de sucesso abalada por acusações de agressão sexual nos Estados Unidos - posteriormente retiradas -, foi deixado em liberdade sob fiança nesta quinta-feira (16) depois de comparecer a um tribunal de Londres acusado de quatro crimes sexuais.
Com semblante calmo e confiante, o astro de Hollywood, de 62 anos, compareceu voluntariamente ao Tribunal de Magistrados de Westminster para enfrentar acusações que ele nega.
A Promotoria reconheceu sua "total cooperação" na investigação, mas pediu que ele entregasse seu passaporte e dormisse em sua residência em Londres até a próxima audiência, que o juiz marcou para 14 de julho no Tribunal da Coroa de Southwark, no sul de Londres.
O magistrado levou em consideração que o ator compareceu voluntariamente à corte e não impôs nenhuma medida cautelar.
"Ele deverá responder a essas acusações se quiser seguir em frente com sua vida", argumentou seu advogado. "Onde vai se esconder? Ele mora nos Estados Unidos e pode ser extraditado. Sua família, seu cachorro de nove anos estão nos Estados Unidos", insistiu.
"Seu trabalho exige que ele vá a reuniões, compareça a castings, encontre-se com diretores e roteiristas", defendeu, declarando-se convencido de que Spacey "continuará a comparecer" à justiça britânica.
Vencedor de dois prêmios Oscar, Spacey, protagonista de "Beleza Americana" (1999) e da série de sucesso "House of Cards", recebeu em Londres quatro acusações de agressão sexual apresentadas por três homens.
"Vou me defender dessas acusações e estou confiante de que minha inocência será provada", disse.
A Scotland Yard abriu uma investigação após receber denúncias contra o ator por supostas agressões cometidas, principalmente, no bairro londrino de Lambeth, onde está localizado o famoso teatro Old Vic, do qual Spacey foi diretor artístico entre 2004 e 2015.
Duas das acusações se referem a agressões sexuais cometidas em março de 2005 em Londres contra uma mesma vítima, que agora tem mais de 40 anos.
Outra agressão sexual envolveu um segundo denunciante em agosto de 2008 e envolveu atividade sexual com penetração sem seu consentimento.
O ator é acusado de uma quarta agressão sexual em abril de 2013 em Gloucestershire, sudoeste da Inglaterra, contra um terceiro denunciante.
A onda de acusações que destruiu sua carreira de sucesso correspondeu ao surgimento do movimento #MeToo, que nasceu do caso do todo-poderoso produtor de cinema americano Harvey Weinstein.
Spacey já havia sido alvo de várias denúncias nos Estados Unidos por assédio e agressão sexual em 2017.
Ele foi inicialmente acusado no estado de Massachusetts por ter colocado as mãos nas partes íntimas de um jovem de 18 anos em um bar, depois de embriagá-lo, em julho de 2016. Essas acusações foram retiradas em 2019.
A última aparição de Spacey na tela remonta a 2018, com a estreia do filme "O Clube dos Meninos Bilionários".
Ele foi demitido de "House of Cards" e ficou de fora de um filme de Ridley Scott, "Todo o Dinheiro do Mundo", no qual foi substituído pelo ator canadense Christopher Plummer.
Em novembro de 2021, foi condenado a pagar US$ 31 milhões à MRC, produtora de "House of Cards", como compensação pela perda de renda atribuída à sua saída da bem-sucedida série de intrigas políticas em Washington, na qual deu vida a o presidente inescrupuloso Frank Underwood.
No entanto, fez um tímido retorno ao cinema, em junho de 2021, com as filmagens na cidade italiana de Turim de um longa-metragem dirigido pelo italiano Franco Nero e intitulado "L'uomo che disegno Dio" onde, segundo o produtor, desempenha um personagem secundário.