Jornal Estado de Minas

LONDRES

Estudo aponta que Brexit pesará muito tempo no poder aquisitivo dos britânicos

A economia britânica levará "muitos anos" para se ajustar totalmente às consequências do Brexit, que pesará sobre o poder de compra das famílias no longo prazo, alerta um relatório do instituto de estudos econômicos Resolution Foundation nesta quarta-feira (22).



A publicação deste novo estudo ocorreu no mesmo dia em que o instituto de estatística britânico, ONS, anunciou um novo aumento histórico da inflação - que alimenta uma grave crise do custo de vida no Reino Unido.

O acordo comercial que rege as relações com a União Europeia após o Brexit terá o efeito geral de "reduzir o rendimento das famílias", sobrecarregadas pela "fraqueza da libra e pela queda dos investimentos e do comércio", aponta o estudo.

"Imediatamente após o referendo (de 2016), o Brexit contribuiu para um aumento do custo de vida e uma queda no investimento empresarial", lembra Resolution Foundation.

E ao longo da próxima década, o país "terá uma produtividade 1,3% inferior" do que num cenário sem Brexit, enquanto os salários em termos reais, ou seja, ajustados pelos efeitos da inflação, "vão cair em 470 libras por pessoa por ano", ou cerca de US$ 575 nas taxas de câmbio atuais.

Desde a entrada em vigor efetiva do Brexit, em 1 de janeiro de 2021, "a maior mudança na relação do Reino Unido com o resto do mundo em quase meio século", a saída da UE "parece pesar na abertura e na competitividade" da economia britânica em geral, constata o estudo.



Mas, embora o Reino Unido tenha visto cair a proporção de suas importações provenientes da UE, o país manteve a proporção das exportações que envia para seu vizinho continental.

As empresas britânicas tiveram que se adaptar: "por causa da burocracia extra" as empresas, às vezes, optam por "enviar diretamente para um único país da UE e usar distribuidores na União, em vez de exportar diretamente para mercados menores".

"As barreiras comerciais devem aumentar mais na agricultura e nos serviços - e em particular nos serviços profissionais mais regulamentados - do que na indústria manufatureira", prevê o think tank.

"Esta é uma má notícia para as exportações do Reino Unido, pois 20% de nossas exportações de serviços para a UE se enquadram na categoria de altamente regulamentada de finanças e seguros", ressalta.