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Estado de Minas ENTREVISTA

"Estamos próximos de uma crise sem precedentes", diz Ángel Alonso Arroba

Para o professor, a grande questão é saber se a Otan optará por um modelo construtivo ou reforçará o confronto em um mundo que sofre com a inflação e a miséria


26/06/2022 12:32

Professor Ángel Alonso Arroba, vice-reitor de Gestão e Desenvolvimento da IE Escola Global e Relações Públicas
Professor Ángel Alonso Arroba, vice-reitor de Gestão e Desenvolvimento da IE Escola Global e Relações Públicas (foto: IE School/Divulgação)


Lisboa, Portugal — A cúpula da Organização do Tratado do Norte (Otan), grupo bélico que agrega os principais países do Ocidente, se reúne em Madri, na Espanha, entre 28 e 30 de junho, com o objetivo de mostrar unidade e força ante a Rússia e a China, vistas como ameaças à ordem global. Oficialmente, os temas principais do debate serão a invasão russa na Ucrânia e o boicote imposto ao país de Vladimir Putin. Mas, mais do que dar uma demonstração de força, a Otan tentará curar suas feridas e reforçar a visão de que, mesmo com o fim da Guerra Fria, sua existência ainda é justificada.

Na avaliação do professor Ángel Alonso Arroba, vice-reitor de Gestão e Desenvolvimento da IE Escola Global e Relações Públicas, a firmeza da Otan será fundamental para evitar que o mundo seja condenado a uma nova onda revisionista, em que os países fortes pensam que têm carta branca para modificar fronteiras à vontade, ou criar regimes fantoches na sua periferia.

Para ele, “a invasão russa de um país soberano, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas, é de responsabilidade exclusiva do atual regime em Moscou”. E acrescenta: “Se você me pressionar, direi que tem mais a ver com a sobrevivência de um regime corrupto e cleptocrata do que com um verdadeiro espírito nacionalista ou imperialista, que nada mais é do que um álibi que Vladimir Putin usa para se agarrar ao poder”.

O professor Alonso ressalta, ainda, que Finlândia e Suécia têm todo o direito de pleitearem adesão à Otan, dado o que se vê na Ucrânia. Admite que a União Europeia tem sido incapaz de propor seu próprio esquema de segurança e frisa que o mundo vive um contexto de urgência em que a única solução é reforçar os atuais mecanismos de colaboração.

Apesar de reconhecer a relevância da Otan, o vice-reitor da IE reconhece que a entrada da organização na guerra da Ucrânia seria desastrosa não apenas para a Europa, mas para para toda a humanidade. Ele chama a atenção para as graves consequências dos conflitos para a população mais pobre, que está sendo obrigada a conviver com uma inflação altíssima por causa da disparada dos preços dos alimentos e da energia elétrica. “Estamos diante de uma crise humanitária sem precedentes”, adverte.

A seguir, os principais trechos da entrevista de Ángel Alonso ao Correio, na qual ele também enfatiza o perigo do crescimento da extrema direita mundo afora: “Às vezes, é difícil pensar que a polarização que já vivemos pode se tornar ainda mais pronunciada, mas, infelizmente, penso que é muito provável que vejamos uma radicalização maior e que a extrema direita continue a ganhar terreno, tanto a nível político e governamental, quanto a nível do discurso e do debate público”.


Qual será o papel da Otan neste mundo de forte divisão e com conflitos cada vez mais constantes?

Não há dúvida de que o papel da Otan ganhou relevância num contexto internacional cada vez mais complicado e turbulento, e é muito provável que continue a fazê-lo nos próximos meses e anos. Infelizmente, caminhamos para um mundo mais geopolítico, em que a segurança e a defesa ganham peso na agenda internacional em relação à economia e ao comércio, que têm sido a espinha dorsal das relações internacionais nos últimos 30 anos. As alianças militares e de defesa de natureza intergovernamental, como a Otan, são chamadas a desempenhar um papel maior. A chave será se esse papel será construtivo e dissuasivo ou se, ao contrário, reforçará o confronto, gerando maior tensão. Parte da resposta está com a própria Otan e como ela administra a situação atual, mas outra parte também está com os países não membros e como eles percebem esse fortalecimento quantitativo e qualitativo da organização.


Acreditava-se que a Otan havia perdido sentido depois do fim da Guerra Fria. Por que se insiste nesse modelo?

O fim da Guerra Fria abriu um contexto de oportunidade para melhorar a governança global que, infelizmente, não se concretizou. Por um lado, pensava-se que a expansão da ordem liberal por meio da democracia e do comércio internacional levaria a uma pacificação gradual das relações internacionais. Ao mesmo tempo, houve uma reafirmação das instituições que formaram a espinha dorsal da ordem global após o fim da Segunda Guerra Mundial por meio da incorporação de grande parte do antigo bloco soviético a essas instituições, assim como as do mundo emergente e em desenvolvimento. O drama de nossa história recente é que a década de 1990 não serviu para superar um modelo de governança ultrapassado, pelo contrário, a velha ordem foi reforçada por meio de pequenos ajustes e remendos, que não a atualizaram o suficiente para enfrentar os desafios da globalização e da interdependência. Insiste-se no modelo da Otan porque não há outro em termos de defesa, pelo menos para os países ocidentais. A própria União Europeia tem sido incapaz de propor seu próprio esquema autônomo em termos de segurança, apesar de ter a força institucional da comunidade. Vivemos agora num contexto de urgência, e a única salvação é reforçar os mecanismos de colaboração existentes.


As ambições da Otan estão por trás dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia? Por quê?

Não. Acho errado atribuir a uma suposta ambição expansionista da Otan a trágica guerra na Ucrânia. A invasão russa de um país soberano, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas, é de responsabilidade exclusiva do atual regime em Moscou. E se você me pressionar, direi que tem mais a ver com a sobrevivência de um regime corrupto e cleptocrata do que com um verdadeiro espírito nacionalista ou imperialista, que nada mais é do que um álibi que Putin usa para se agarrar ao poder. Putin mostra que não respeita o direito internacional e o princípio da soberania, que defende com tanta veemência em outros fóruns. Os ucranianos são livres para escolher seu destino e seu futuro, como qualquer povo deveria ser. É verdade que a Otan poderia ter tido uma posição mais clara e menos ambígua em relação à sua possível expansão para o Leste, e que se, em 2022, nos encontramos em uma situação tão dramática, é porque, no passado, permitiu-se um Putin intervencionista (invasões da Crimeia, em 2014, e da Geórgia, em 2008), que o levou a pensar que poderia mais uma vez se safar.


Até onde vai o papel da Otan ante a guerra entre a Rússia e a Ucrânia?

Não há dúvida de que o papel da Otan é muito relevante no contexto atual. A firmeza da organização será fundamental para evitar que sejamos condenados a uma nova onda revisionista a nível global, em que os países fortes pensam que têm carta branca para modificar fronteiras à vontade, ou criar regimes fantoches na sua periferia. Ao mesmo tempo, a Otan precisa ter cuidado para evitar a escalada e a internacionalização do conflito, o que teria consequências catastróficas. Espero que a Cúpula de Madrid sirva para que a Otan lance uma mensagem firme, mas, ao mesmo tempo, não beligerante: que estabeleça linhas vermelhas claras em termos de segurança, oferecendo sempre uma solução dialogada e construtiva para a crise atual.


O que significaria a entrada na Otan na guerra entre a Rússia e a Ucrânia? Que impacto teria sobre o mundo?


A entrada da Otan no conflito teria consequências imprevisíveis. Creio que a estratégia de continuar a apoiar o exército ucraniano sem entrar diretamente no conflito é o caminho a seguir pela Otan, provavelmente redobrando os seus esforços e enviando equipamento militar muito necessário para a resistência ucraniana. A mensagem política a ser enviada na próxima Cúpula em Madrid, com participação confirmada do presidente Wolodymyr Zelensky, também muito importante. O ponto-chave é que, se o compromisso da Otan com a Ucrânia tivesse sido firme antes da invasão, é muito provável que a invasão não tivesse tido lugar. É por isso que acredito que nós devemos nos afastar de cenários que preveem a entrada da Otan na guerra, mas, em vez disso, optar por um apoio forte e decisivo à Ucrânia e à perspectiva de proteção a longo prazo. O que é inaceitável é que um país invada outro no século XXI. É aqui que a Otan e a comunidade internacional devem ser firmes.


Há reais justificativas para que países como Suécia e Finlândia se unam à Otan? Por quê?

Certamente. Se fosse finlandês ou sueco e tivesse visto o que aconteceu na Ucrânia, não há dúvida de que estaria batendo à porta da Otan. Vemos isso na dramática reviravolta da opinião pública nesses países no que se refere ao apoio à adesão à Otan. A Suécia e a Finlândia tinham renunciado à adesão à organização militar devido a compromissos históricos e a uma equidistância que seguia uma lógica que foi quebrada a 24 de fevereiro deste ano pela invasão russa da Ucrânia. É preciso recordar que a Rússia tinha se comprometido a respeitar a soberania e a integridade territoriais ucranianas em 1994, com o Memorando de Budapeste, quando Kiev renunciou ao seu arsenal nuclear. Moscou demonstrou que não respeita as regras internacionais e, no atual cenário, é lógico que a Suécia e a Finlândia procurem a proteção preventiva conferida pela adesão à Otan e o escudo protetor oferecido pelo famoso Artigo V do Tratado do Atlântico Norte. Se a Ucrânia tivesse sido membro da Otan, Moscou não teria invadido o país, nem agora nem em partes desde 2014.


O senhor acredita na possibilidade de os conflitos hoje restritos à Rússia e à Ucrânia ultrapassarem as fronteiras atuais? A Europa está preparada para isso? Por quê?

Penso que vivemos num contexto internacional muito volátil, e não devemos descartar qualquer cenário. O que temos de fazer é trabalhar ativamente para que as perspectivas mais dramáticas não se concretizem, e não há dúvida de que uma expansão do conflito na Ucrânia para além das fronteiras daquele país seria catastrófica, não só para a Europa, mas para toda a humanidade. Não creio que isso vá acontecer, e espero que não aconteça, porque uma escalada do conflito levaria a uma guerra planetária. A Europa não está preparada para isso, nem qualquer outro país, muito menos a humanidade como um todo.


Países como a Alemanha voltaram a investir pesadamente em armamentos? Isso é justificável num mundo onde as questões sociais estão latentes, como o aumento da fome?


Esta é uma visão muito pessoal, mas deixe-me dizer que não apoio o aumento das despesas militares que estamos assistindo a nível mundial, especialmente em vários países europeus como resposta à atual guerra. Há um compromisso dos membros da Otan de gastar 2% do PIB com defesa, e a Europa tem ficado historicamente para trás. Washington tem, tradicionalmente, condenado o parasitismo europeu, mas acho obsceno que pensemos em armas quando o mundo luta contra a pobreza e a fome. Cada dólar gasto em munições é um dólar que não gastamos na educação, na saúde, na alimentação, em serviços básicos para os muitos que precisam desesperadamente de oportunidades e de um nível de vida mínimo. Os países deveriam começar por gastar melhor na defesa, investir mais na diplomacia e no desenvolvimento econômico e humano. Estou certo de que veríamos o nível de tensão e conflito diminuir.


Há recursos suficientes no mundo para suportar as consequências desastrosas de uma guerra mais ampla e prolongada? Será um fardo muito pesado. O mundo terá que voltar a emitir moeda?

Penso que a questão não é se existem ou não recursos financeiros ou monetários, mas se temos a capacidade planetária para resistir a uma grande e prolongada guerra. É claro que as nossas economias já estão sofrendo muito com a situação atual, uma crise que se soma às dificuldades que enfrentamos desde o início da pandemia. Vemos a inflação, que atinge as condições de vida de muitas famílias, mas também a escalada dos preços da energia e das matérias-primas e, muito mais preocupante, a crise alimentar que vivemos. É claro que a conta será enorme, como já vemos. A questão é o quanto as coisas podem piorar nos próximos meses devido a essas dinâmicas. Isso sem entrar no efeito que essas emergências terão sobre as políticas necessárias para promover o desenvolvimento e proteger o meio ambiente, tais como a Agenda 2030 e os objetivos de combate às alterações climáticas.


A disparada da inflação e o aumento da pobreza, agravados pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia são dramáticos, além da consequente alta dos juros mundo afora, fazem parte de um movimento duradouro?

Infelizmente, acredito que a inflação e, especialmente, o aumento dos preços dos alimentos terá um efeito duradouro, porque a guerra na Ucrânia apenas acelerou um processo que se arrasta há muito tempo, e que tem a ver com problemas mais profundos na economia global. O que estamos vendo é um aprofundamento desses efeitos, o que pode conduzir a uma crise humanitária sem precedentes. Ao contrário de muitos outros observadores, a minha estimativa é de que a guerra na Ucrânia não será tão prolongada como muitos pensam, pelo menos não com o grau de intensidade que temos visto nos últimos quatro meses. Penso que caminhamos para uma localização do conflito em Donbás, com uma intensidade semelhante à que temos observado desde 2014. Mas acredito que os efeitos econômicos serão muito mais profundos e duradouros devido à combinação de inflação com estagnação, bem como da crescente fragmentação das cadeias de valor globais. O problema é que ainda não tínhamos nos recuperado da crise anterior, e esta nos apanha em uma situação muito ruim.


A guerra entre a Rússia e a Ucrânia acelerou o fim da globalização, quadro que já vinha se desenhando durante a pandemia. Esse movimento é irreversível? Por quê?

Não acredito que nada seja irreversível, mas não há dúvidas de que vivemos um período em que a globalização sofre muito, e vemos sinais claros não só de exaustão mas também de inversão em várias áreas. A pandemia fez parar o processo de globalização: de um dia para o outro, alterou tanto a oferta quanto a demanda globais, e levou a um repensar da dependência de muitos países. Daí que o conceito de autonomia estratégica tenha surgido como um novo mantra. Não há dúvida de que a guerra na Ucrânia fragmentou ainda mais o nosso mundo em blocos, agora marcados pela defensiva e pelas diferenças políticas. Penso que é importante estar atento a questões como a resiliência, que tínhamos sacrificado em prol do mercado, bem como o impacto ambiental da globalização. Mas me preocupa que o ajuste a ser feito tenha mais a ver com ideologia, e que comecemos a virar as costas a elementos positivos da globalização, tais como eficiência e complementaridade. O que deveríamos rever é o nosso modelo de produção e consumo, tanto em termos de sustentabilidade quanto em termos de bem-estar e felicidade.


Que forças vão emergir deste mundo menos globalizado?

Penso que vamos assistir à aceleração e ao aprofundamento de forças que já estão presentes, mas que vão assumir uma nova face. Creio que continuaremos a ver forças centrífugas que ousaria descrever como prejudiciais para o bem da humanidade, tais como o nacionalismo de exclusão e o supremacismo, que tendem a exigir um regresso a um passado idealizado e fictício, que é falso. Defenderão o fechamento das fronteiras, um certo estatismo e um regresso a um sistema internacional menos baseado na cooperação e regido pela lei do mais forte. Mas creio que também assistiremos a um ressurgimento de novas ideias e forças centrípetas que encorajam uma maior e melhor integração da governança global. Os seres humanos têm essa capacidade única de dar o seu melhor em situações de adversidade. Tenho confiança nos jovens, que já demonstraram a sua capacidade de mobilização e maturidade durante a emergência climática. Viveram num mundo globalizado e creio que têm a capacidade de discernir o que é bom na globalização e quanto precisa de ser melhorado sem a necessidade de se desglobalizar, mas sim de assegurar que os benefícios sejam partilhados por todos e não apenas por uns poucos.


Que papel terão os Estados Unidos neste mundo novo?

Será, sem dúvida um papel central, porque os EUA continuam a ser a grande potência hegemônica do nosso tempo. A questão é se será um papel construtivo ou não, e muito dependerá do futuro da própria política interna do país. Teremos de assistir com particular interesse às próximas eleições legislativas em novembro, que determinarão a real capacidade de manobra do presidente Joe Biden, e claro, as eleições presidenciais dentro de dois anos, que poderão muito facilmente voltar a um cenário adverso como o que vivemos durante os anos de Donald Trump. Acredito, sinceramente, na capacidade dos Estados Unidos de serem uma força para o bem nos próximos anos e que muito do segmento mais progressista do país compreendeu a necessidade de abordar as relações internacionais de uma perspectiva mais humilde e inclusiva, muito longe do sentido de destino manifesto que tantas vezes manchou a política externa dos EUA. Não há questão mais transcendental para o futuro da humanidade do que a compreensão construtiva entre Washington e Pequim, e aqui a Europa também pode desempenhar um papel muito importante, não a partir de uma posição de equidistância, e certamente sem hipotecar valores fundamentais como o respeito pelos direitos humanos, mas estendendo a sua mão para a colaboração nas grandes questões globais, nas quais o futuro da nossa espécie e do planeta está em jogo.


Veremos um mundo mais polarizado, com a extrema direita ganhando terreno? Quais são as consequências disso?

Às vezes, é difícil pensar que a polarização que já vivemos pode se tornar ainda mais pronunciada, mas, infelizmente, penso que é muito provável que vejamos uma radicalização maior e que a extrema direita continue a ganhar terreno, tanto a nível político e governamental, quanto a nível do discurso e do debate público. A tragédia dos últimos anos é precisamente que a presença da extrema direita no poder se normalizou, e que também tem utilizado essa posição para reduzir gradualmente as liberdades e tornar aceitável para uma grande parte da população o que anteriormente era inaceitável: racismo, misoginia e sexismo, homofobia, ataques à laicidade do Estado, etc. As consequências são terríveis, porque no final são grupos específicos e pessoas que sofrem com essa involução não só na política, mas também na sociedade: imigrantes, mulheres, o coletivo LGTBQIA+... É importante que o pensamento progressista não caia no jogo da extrema direita, e que encontremos novas formas de diálogo e compreensão que nos permitam reconstruir o contrato social a um nível global. Preocupa-me que haja cada vez mais fragmentação do pensamento, menos exposição à dissidência e demasiadas eco câmaras.


É possível ser otimista neste contexto de tanta turbulência e tantos retrocessos?

Sim, absolutamente sim. Sempre defendo que é preciso ser otimista porque um mundo melhor não se constrói a partir do pessimismo. Outra questão é que as perspectivas atuais o convidam e, claro, acho que vivemos em um contexto bastante negativo. Mas como disse antes, é nos momentos mais adversos que o ser humano, por vezes, traz à tona o melhor de si mesmo, e nos quais temos que repensar o mundo que temos. Tenho confiança nas gerações futuras e também acredito que vivemos um momento de oportunidade, em que podemos corrigir muitos dos erros e deficits na governança global que nos levaram a esta situação atual. Espero que saibamos acompanhar os tempos.


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