"Em 27 de junho, os detentores de títulos da dívida soberana da Rússia não receberam os pagamentos de cupons de dois eurobônus no valor de US$ 100 milhões, quando expirou o período de carência de 30 dias corridos, o que consideramos um evento de default em nossa definição", afirma o comunicado.
Esta situação não implica um status jurídico de interrupção de pagamento para a Rússia porque as agências de classificação não podem mais classificar o país devido às sanções internacionais impostas contra Moscou pela invasão da Ucrânia.
Agora corresponde a um comitê de credores, o Comitê de Determinação de Derivativos de Crédito (CDDC), avaliar se a Rússia está ou não inadimplente nos pagamentos. Como ainda não se pronunciou sobre o assunto, a situação permanece incerta.
Moscou reagiu e pediu "explicações" à agência.
"No que diz respeito a Moody's, recentemente afirmaram não levar em consideração o nosso país, se recusaram a classificar o nosso país. Isto quer dizer que a Moody's retomou o processo de classificação?", questionou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A Rússia deveria pagar 100 milhões de dólares em juros sobre sua dívida em 27 de maio, prazo com um período de carência de um mês que expirou no domingo.
O ministério das Finanças da Rússia afirmou que pagou o dinheiro em moeda estrangeira em 20 de maio. Mas admitiu na segunda-feira que o dinheiro não chegou aos credores, porque os intermediários bancários bloquearam os pagamentos devido às sanções impostas pelos países ocidentais como consequência da guerra na Ucrânia.
A Rússia assegurou na segunda-feira que "a não obtenção do dinheiro pelos investidores não é resultado do fato de não ter acontecido um pagamento, foi provocada pela ação de terceiros, algo que não é considerado diretamente como (...) um caso de não pagamento".
O governo dos Estados Unidos proíbe Moscou de pagar suas dívidas em dólares desde o final de maio.
Alguns títulos europeus, emitidos antes de 2018, "não contêm uma cláusula" que permita à Rússia pagá-los em rublos, afirmou a Moody's em seu comunicado.
- O precedente de 1998 -
O CDDC havia consignado no início de junho a ausência de pagamento por Moscou de 1,9 milhão de dólares de juros de atraso em vencimentos precedentes.
Agora planeja se reunir na tarde de quarta-feira para discutir o prazo não cumprido de 27 de maio.
O comitê também decidirá se ativa o CDS (Credit Default Swap), produtos financeiros que servem como seguro contra o não pagamento de uma dívida.
Mas, de fato, a Rússia tem os meios para pagar os juros de sua dívida externa, em dólares ou em euros, destacam os analistas financeiros
Em 1998, a Rússia decretou moratória unilateral sobre o pagamento de sua dívida externa após a desvalorização do rublo e renunciou a cumprir os vencimentos com seus credores.
Moscou conseguiu então renegociar o cronograma de vencimentos com seus principais credores, evitando assim a declaração de que o país estava em 'default'.
A Rússia, portanto, não entra em default desde 1918, no início da revolução russa.
MOODY'S CORP.
PARIS