A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou à Procuradoria-Geral da República mais uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por suspeita de interferência nas investigações da Polícia Federal na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
O envio à PGR atende a um pedido apresentado pelo deputado federal Israel Batista (PSB-DF). No despacho, Cármen Lúcia cita “gravidade do quadro narrado”.
“(…) 2. Considerando os termos do relato apresentado e a gravidade do quadro narrado, manifeste-se a Procuradoria-Geral da República. 3. Na sequência, retornem-me os autos imediatamente conclusos”, escreveu.
A notícia-crime do parlamentar tem como base a manifestação do Ministério Público Federal (MPF) sobre os indícios de um comportamento ilícito por parte Bolsonaro. Em uma gravação autorizada pela Justiça, Milton Ribeiro disse que foi informado pelo presidente sobre a busca e apreensão da PF.
Agora, cabe à Procuradoria analisar se há elementos suficientes para abrir uma investigação contra o chefe do Executivo. Nesta segunda-feira (27/6), a ministra encaminhou à PGR outra ação contra o presidente protocolada pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). O parlamentar argumenta ser preciso apurar se houve envolvimento de Bolsonaro para beneficiar Milton Ribeiro.
Pastores lobistas e ex-ministro preso
Na semana passada, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso em uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência em um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O caso foi descoberto em março deste ano. Em áudios divulgados pela imprensa, Ribeiro afirmou priorizar pastores lobistas aliados na liberação de recursos e ainda citou que o favorecimento era um pedido expresso do presidente Bolsonaro.
Milton Ribeiro foi solto após decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Também foi revogada a prisão preventiva dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Tags