"Reafirmo o que disse na campanha, no meu governo o Estado não será usado para perseguir o opositor", escreveu Petro no Instagram depois de um encontro a sós de meia hora com o líder da direita no poder.
Os dois adversários, que no passado tiveram discussões acaloradas no Congresso, deixaram patente a intenção de estabelecer um diálogo "governo-oposição" a partir de 7 de agosto, quando Petro vai assumir o poder por quatro anos como o primeiro presidente esquerdista da Colômbia.
"Eu lhe disse humildemente: presidente, permita-me um canal de diálogo com o senhor, eu não vou incomodá-lo muito, será para falar sobre temas do país. O que pudermos aprovar, o faremos sem cálculos", disse Uribe em uma coletiva de imprensa posterior.
Surpreendentemente, Petro convidou Uribe para conversar depois de sua eleição histórica em 19 de junho. O futuro presidente propôs, então, um "acordo nacional" com todas as forças políticas para levar adiante suas reformas ambiciosas que visam, segundo seu programa, a superar a pobreza e a desigualdade, além de consolidar a paz depois de seis décadas de conflitos.
"Nós expressamos que compartilhamos todo o esforço que se faça para que este país acelere a superação da pobreza, mas isso não pode ser às custas de debilitar o setor privado", disse o ex-presidente.
Petro, que também está em negociações para alcançar maiorias no Congresso, enfrenta a oposição de setores poderosos que rejeitam seu passado de guerrilheiro e temem que seu governo puna com mais impostos os ricos e afete a propriedade privada.
"A conversa com o ex-presidente Uribe foi proveitosa e respeitosa. Encontramos as diferenças e os pontos comuns", afirmou Petro no Twitter.
Durante a campanha presidencial para suceder o impopular Iván Duque, o governista Centro Democrático não apresentou candidato próprio e apoiou discretamente o direitista Federico Gutiérrez, que ficou fora da disputa no primeiro turno.
No Congresso, Petro denunciou os supostos vínculos de Uribe com paramilitares sanguinários e do pai do ex-presidente com o narcotráfico.
Uribe, que também ocupou uma vaga no Senado, chegou a chamá-lo de "pistoleiro" e difamador. Suas divergências chegaram ao extremo com o acordo de paz de 2016 que desarmou a guerrilha das Farc.
O ex-presidente (2002-2010) foi muito popular por sua política de linha dura com os ex-guerrilheiros, enquanto Petro tem defendido com unhas e dentes os acordos negociados em Havana.
Nesta quarta, Uribe insistiu em sua ideia de "reformar" o tribunal de paz que julga os crimes mais atrozes cometidos durante o conflito por considerar que seus juízes são tendenciosos, uma proposta à qual Petro sempre se opôs.
BOGOTÁ