Os municípios eram liderados por políticos do Cidadãos pela Liberdade (CxL, direita), que teve sua personalidade jurídica retirada pelo governo em 2021. Essa situação foi então aproveitada pelos vereadores da ex-guerrilheira Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, esquerda).
Os governos municipais ocupados pertencem às cidades de El Cuá, San Sebastián de Yali e Santa María de Pantasma, jurisdição de Jinotega; Murra, no departamento de Nueva Segovia; e El Almendro, em Río San Juan. Até o momento, não há pronunciamentos oficiais.
"Os gabinetes da prefeitura estão tomados e os vereadores do FSLN já têm seu prefeito e vice-prefeito. Repartiram os cargos entre eles", afirmou à AFP Noel Moreno, legislador destituído de San Sebastián de Yali.
A medida foi executada sob a alegação de que "não temos partido nem personalidade jurídica", disse Moreno.
A tomada das prefeituras ocorreu entre sábado e segunda-feira, com o destacamento de forças antimotim sob ordens de dirigentes da FSLN, que içaram a bandeira do partido nos locais ocupados, segundo os denunciantes.
"A quatro meses das eleições municipais (6 de novembro), o regime toma de maneira arbitrária quatro prefeituras opositoras", denunciou o organismo de observação eleitoral Urnas Abertas.
Do exílio, a presidente do CxL, Kitty Monterrey, "condenou energicamente" a ocupação dos governos locais e exigiu "respeito a sua integridade física".
Em 2017, o CxL venceu as eleições em cinco dos 18 municípios que estavam em poder da oposição, enquanto 135 foram para a FSLN de Ortega.
Em agosto de 2021, o CxL, que liderava uma aliança opositora para competir com Ortega nas eleições gerais, foi inabilitado pelo tribunal eleitoral e os pré-candidatos do partido foram presos.
Ortega, no poder desde 2007, foi reeleito em novembro para um quarto mandato consecutivo com a maioria de seus rivais encarcerados ou exilados, em meio a questionamentos e sanções internacionais.