Jornal Estado de Minas

MANÁGUA

Partido de Ortega toma prefeituras opositoras na Nicarágua

Cinco prefeituras nas mãos da oposição nicaraguense foram "tomadas de maneira arbitrária" por vereadores do partido do presidente Daniel Ortega, que nomearam novos prefeitos governistas, denunciaram os afetados, a quatro meses das eleições municipais.



Os municípios eram liderados por políticos do Cidadãos pela Liberdade (CxL, direita), que teve sua personalidade jurídica retirada pelo governo em 2021. Essa situação foi então aproveitada pelos vereadores da ex-guerrilheira Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, esquerda).

Os governos municipais ocupados pertencem às cidades de El Cuá, San Sebastián de Yali e Santa María de Pantasma, jurisdição de Jinotega; Murra, no departamento de Nueva Segovia; e El Almendro, em Río San Juan. Até o momento, não há pronunciamentos oficiais.

"Os gabinetes da prefeitura estão tomados e os vereadores do FSLN já têm seu prefeito e vice-prefeito. Repartiram os cargos entre eles", afirmou à AFP Noel Moreno, legislador destituído de San Sebastián de Yali.

A medida foi executada sob a alegação de que "não temos partido nem personalidade jurídica", disse Moreno.



A tomada das prefeituras ocorreu entre sábado e segunda-feira, com o destacamento de forças antimotim sob ordens de dirigentes da FSLN, que içaram a bandeira do partido nos locais ocupados, segundo os denunciantes.

"A quatro meses das eleições municipais (6 de novembro), o regime toma de maneira arbitrária quatro prefeituras opositoras", denunciou o organismo de observação eleitoral Urnas Abertas.

Do exílio, a presidente do CxL, Kitty Monterrey, "condenou energicamente" a ocupação dos governos locais e exigiu "respeito a sua integridade física".

Em 2017, o CxL venceu as eleições em cinco dos 18 municípios que estavam em poder da oposição, enquanto 135 foram para a FSLN de Ortega.

Em agosto de 2021, o CxL, que liderava uma aliança opositora para competir com Ortega nas eleições gerais, foi inabilitado pelo tribunal eleitoral e os pré-candidatos do partido foram presos.

Ortega, no poder desde 2007, foi reeleito em novembro para um quarto mandato consecutivo com a maioria de seus rivais encarcerados ou exilados, em meio a questionamentos e sanções internacionais.