Pioneiro para os cantores líricos procedentes desta república independente do oceano Pacífico, Pati, de 34 anos, acaba de ganhar seu primeiro álbum solo na Warner Classics.
Impulsionado pela crítica, o cantor se apresenta nesta quinta-feira (7) no prestigiado festival de Aix-en-Provence, no sul da França, com a ópera "Moisés e o Faraó", de Rossini.
"Desde 2017, quase todos os críticos dizem a mesma coisa: 'Sua voz parece com a de Pavarotti'", diz este tenor de voz potente e luminosa à AFP, ao contar que, a cada apresentação, é comparado pela imprensa com a lenda lírica italiana.
- Coral e rúgbi -
Pene Pati nasceu neste arquipélago da Polinésia, mas cresceu em Auckland, na Nova Zelândia. Foi de lá, pelo YouTube, e tendo a estrela italiana como referência, que começou a conhecer o mundo lírico.
"Não podia pagar aulas de canto", lembra ele.
Em seu carro, assistia a vídeos do "tenor do povo" e observava, concentrando-se em seu rosto, como conseguia controlar o "passaggio", uma difícil transição entre os registros vocais.
Ainda na escola, ficou fascinado pelo canto, graças a uma ideia genial de seu professor. "Para poder jogar rúgbi, tinha que cantar no coral (...) e funcionou!", recorda-se, ressaltando que sua cultura samoana também ajudou neste processo.
"A música está no nosso DNA. Cantamos tudo: nossos mitos, nossas lendas, nossa independência (...) É um pouco como a ópera. Canta-se uma história", compara o tenor.
- "O autêntico Bel canto" -
Com seu irmão caçula Amitai, também tenor, e o barítono samoano Moses Mackay, fundou o trio "SOL3 MIO", cujo primeiro álbum foi o mais vendido na Nova Zelândia em 2014 e 2015.
Pene Pati ganhou o concurso "Aria Nova Zelândia", o Montserrat Caballé e o prêmio por votação do público na "Operalia", uma competição criada por Plácido Domingo.
Também conseguiu uma bolsa de estudos oferecida pela Ópera de São Francisco, onde teve seu primeiro grande papel, o do Duque de Mantua, em "Rigoletto", de Giuseppe Verdi.
Em 2017, o então diretor da Ópera de Bordeaux, Marc Minkowski, descobriu seu talento.
"Quero trazê-lo para a França!", afirmou o diretor à época, segundo Pati.
"Ele disse que eu tinha uma voz que havia se perdido um pouco, que era o autêntico bel canto", recorda o tenor lírico.
Pati planeja se mudar para Barcelona com sua mulher, a soprano de origem egípcia Amina Edris, mas sem perder os vínculos com sua terra natal.
"No Pacífico, tem muita gente descobrindo a ópera. Há jovens cantores samoanos que cantam na Metropolitan Opera e, nas ilhas, decidiram construir uma casa de ópera", relata ele, que sonha em abrir uma escola de canto.
"Espero que as gerações futuras façam muito mais coisas do que eu fiz", almeja.
AIX-EN-PROVENCE