Jornal Estado de Minas

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Bombardeios da Rússia prosseguem no leste da Ucrânia, que espera nova ajuda

Depois de quatro meses e meio de guerra na Ucrânia, o exército russo prosseguia neste sábado (9) com os bombardeios incessantes na região de Donetsk (leste do país), ao mesmo tempo que o governo dos Estados Unidos prometeu uma nova ajuda militar a Kiev.



Além da ajuda, Washington aumentou a pressão a nível diplomático. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu ao governo da China que condene "a agressão" russa na Ucrânia durante um encontro neste sábado com o chanceler de Pequim, Wang Yi.

E o Reino Unido recebeu um primeiro grupo de 10.000 soldados ucranianos para treinamento em território britânico.

"Este programa ambicioso de treinamento é a próxima fase de apoio do Reino Unido às Forças Armadas da Ucrânia em sua luta contra a agressão russa", afirmou o secretário de Defesa britânico Ben Wallace.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez uma advertência sobre os riscos de inação diante da Rússia: "Os olhos de todos os movimentos e regimes políticos agressivos do mundo estão voltados para o que a Rússia está fazendo conosco", escreveu no Instagram.



"O mundo conseguirá levar à justiça os verdadeiros criminosos de guerra?", perguntou, antes de alertar para o risco de "centenas de outras agressões" se o mundo não reagir.

Zelensky anunciou que passou a sexta-feira na região de Dnipro (centro) e felicitou "a todos os muçulmanos da Ucrânia e do mundo" por ocasião do Eid al-Ada, a Festa do Sacrifício. Também afirmou aos tártaros da Crimeia que chegará o dia em que "vamos nos parabenizar em uma Crimeia livre", península anexada pela Rússia em 2014.

- Bombardeios dia e noite -

No campo de batalha, o Estado-Maior ucraniano relatou neste sábado novos bombardeios russos no leste do país e em Kharkiv, mas sem uma ofensiva terrestre, exceto uma tentativa em Dolomitne, perto de Bakhmut (leste).

"Toda a linha de frente está sob bombardeio incessante", afirmou na sexta-feira o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko.

"Eles não param de bombardear na direção de Donetsk (...) Bakhmut é bombardeada, Sloviansk é bombardeada dia e noite, Kramatorsk...", acrescentou.



Em Lugansk - a província que ao lado de Donetsk forma a bacia de mineração do Donbass -, o governador regional Serguei Gaiday declarou neste sábado que os russos têm como alvo a região de Donetsk a partir de suas bases na região de Lugansk.

"Nós tentamos conter suas formações armadas ao longo da linha de frente (...) mas quando não podem avançar, criam um verdadeiro inferno, bombardeando todos os territórios possíveis", alertou.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshuk, pediu aos moradores das zonas ocupadas pelos russos que abandonem estas áreas por todos os meios e advertiu que acontecerão "grandes combates".

Ao bombardear a região de Donetsk, onde prosseguem as retiradas de civis, Moscou tenta assumir o controle de toda a bacia do Donbass, seu objetivo estratégico desde que se retirou no fim de março da região de Kiev.

Além disso, o exército russo também começou a incendiar plantações, segundo as autoridades locais.

"Há grandes incêndios nos campos que são provocados intencionalmente pelo inimigo. Eles tentam destruir as plantações por todos os meios. Bombardeiam máquinas agrícolas, colheitadeiras", denunciaram.



A invasão russa da Ucrânia, país considerado um dos grandes celeiros do planeta, provocou um forte aumento nos preços dos alimentos e contribuiu para a aceleração da inflação mundial.

- Ajuda dos Estados Unidos -

De acordo com uma fonte do Pentágono, a nova ajuda militar americana, de 400 milhões de dólares, inclui quatro sistemas lançadores de foguetes múltiplos Himars e mísseis de 155 mm. O objetivo é melhorar a capacidade ucraniana de atingir os depósitos de armas e as cadeias de suprimentos do exército russo.

Washington já concedeu 6,9 bilhões de dólares em assistência militar a Kiev desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Na sexta-feira, os participantes em uma reunião ministerial do G20 na Indonésia "expressaram profundas inquietações com as consequências humanitárias da guerra" na Ucrânia, segundo a chefe da diplomacia indonésia, Retno Marsudi.

Embora o G20 não tenha sido unânime na condenação da invasão russa, o Ocidente considera que conseguiu ampliar a frente contra a Rússia e culpar o país de maneira clara pela guerra e a crise energética e alimentar que provocou no mundo.

Diante da avalanche de críticas ocidentais, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, se ausentou de várias sessões com seus colegas.