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Estado de Minas TÓQUIO

Japão de luto após o assassinato de Shinzo Abe


09/07/2022 11:31

O Japão lamentava neste sábado a morte do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado na sexta-feira durante um comício no oeste do país, onde a polícia admitiu "inegáveis" falhas na segurança.

O assassinato do político mais famoso do Japão abalou o país e provocou grande comoção ao redor do mundo, levando em consideração os reduzidos níveis de criminalidade e as leis severa contra o porte de armas no país.

O homem acusado de atirar contra Abe foi detido no local do ataque e, segundo a polícia, confessou o crime. Ele disse que cometeu o ato por pensar que Abe estava ligado a um grupo não identificado. Vários meios de comunicação locais nipônicos citaram um grupo religioso.

A polícia investiga os antecedentes do homem, identificado como Tetsuya Yamagami, um desempregado de 41 anos, incluindo as versões de que ele já teria sido integrante da Força de Autodefesa Marítima, a Marinha japonesa, e informou que ele utilizou uma arma de "aparente" fabricação caseira.

No momento do ataque, Abe pronunciava um discurso de campanha para as eleições do Senado de domingo. O primeiro-ministro Fumio Kishida anunciou que a eleição acontecerá de acordo com o programado.

Kishida, membro como Shinzo Abe do Partido Liberal Democrata (PLD, direita nacionalista), participou na manhã de sábado de um evento de campanha em Yamanashi (oeste de Tóquio) para 600 pessoas e declarou que "a violência não triunfará sobre a palavra".

O corpo de Shinzo Abe chegou durante a tarde de sábado a sua residência em Tóquio, a bordo de um carro fúnebre no qual estava Akie, sua viúva, e que deixou algumas horas antes o hospital de Kashihara, perto de Nara, para onde o ex-premiê foi levado após o ataque fatal.

- "Ato de barbárie" -

Atingido por dois tiros no pescoço, Abe foi declarado mortos poucas horas depois do ataque, apesar dos esforços de uma equipe de 20 médicos

A imprensa japonesa informou que um velório acontecerá na segunda-feira à noite e um funeral na terça-feira apenas com as pessoas mais próximas de Abe.

A morte de Abe provocou uma grande comoção no país. O chefe de Governo Fumio Kishida chamou o assassinato de "ato barbárie" e "imperdoável".

O crime foi condenado em todo o mundo. O presidente americano Joe Biden afirmou que estava "impactado, indignado e profundamente triste".

Yoon Suk-yeol, presidente da Coreia do Sul, país com o qual Abe teve atritos, disse que o assassinato é um ato "inaceitável", enquanto a embaixada da China no Japão elogiou Abe por sua "contribuição para melhorar e desenvolver" as relações.

Várias pessoas se reuniram no local do ataque. "Não consigo acreditar que algo assim tenha acontecido no Japão", disse à AFP Akira Takahashi, de 54 anos. "Deveria haver mais agentes de segurança", acrescentou.

- "Inegáveis" problemas de segurança -

As autoridades afirmaram que não foram relatadas ameaças contra Abe, que fazia campanha para candidatos do PLD quando foi atacado.

As imagens do ataque exibidas nos canais de televisão japoneses mostram o momento em que Tetsuya Yamagami, vestido com uma camisa cinza e calça marrom, se aproxima por trás de Abe antes de sacar a arma de uma bolsa.

Ao que parece, ele atirou duas vezes, o que provocou uma nuvem de fumaça. Eleitores e jornalistas buscaram proteção, enquanto agentes de segurança derrubaram o atirador no chão.

Neste sábado o chefe da polícia do município de Nara admitiu falhas "inegáveis" na segurança do ex-primeiro-ministro.

"Acredito que é inegável que houve problemas com as medidas de escolta e de segurança para o ex-primeiro-ministro Abe", declarou Tomoaki Onizuka, que prometeu "examinar por completo os problemas e adotar as medidas apropriadas".

- O mais jovem premiê -

Abe era de uma família de tradição política e se tornou o primeiro-ministro mais jovem do pós-guerra quando assumiu o poder em 2006, aos 52 anos.

O turbulento primeiro mandato terminou com sua renúncia por motivos de saúde depois de apenas um ano, mas ele voltou ao poder em 2012 e permaneceu à frente do país até 2020, quando renunciou depois de voltar a sofrer uma colite ulcerativa.

Suas opiniões nacionalistas provocaram divisão no país, em particular o desejo de modificar a Constituição pacifista japonesa para reconhecer as Forças Armadas do país. Ele enfrentou vários escândalos, incluindo denúncias de favorecer amigos.

Muitos o elogiaram por sua estratégia econômica e esforços para colocar o Japão no cenário mundial.


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