Jornal Estado de Minas

BRUXELAS

UE reduz projeção de crescimento e aumenta expectativa de inflação na Eurozona

A Comissão Europeia reduziu nesta quinta-feira de 2,7% para 2,6% a expectativa de crescimento econômico em 2022 na zona do euro, ao mesmo tempo que elevou de 6,1% para 7,6% a previsão de inflação anual, devido ao forte impacto da guerra na Ucrânia.



Nas previsões econômicas de verão (hemisfério norte, inverno no Brasil), a Comissão também diminuiu as expectativas para 2023 - com uma previsão de crescimento de 1,4% e uma inflação de 4% - e advertiu que a situação pode ficar ainda mais grave em caso de interrupção do fornecimento de gás russo.

Para a União Europeia (UE) em geral (incluindo os oito países do bloco que não adotam a moeda comum), a Comissão prevê para este ano um crescimento de 2,7%, o mesmo resultado das previsões de maio.

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, afirmou que o estímulo registrado com a reabertura após as restrições provocadas pela pandemia "vai sustentar o crescimento anual em 2022, mas para 2023 revisamos consideravelmente para baixo nossa previsão".

De acordo com Gentiloni, para "navegar nestas águas turbulentas, a Europa deve mostrar liderança, com três palavras que definem nossas políticas: solidariedade, sustentabilidade e segurança".

Entre as principais economias da Eurozona, a Comissão voltou a reduzir a expectativa de crescimento da Alemanha em 2022, de 1,6% nas projeções de maio para 1,4%.



A trajetória da inflação também é um fator de grave preocupação.

De acordo com a agência europeia de estatísticas Eurostat, a zona do euro encerrou o mês de junho com uma taxa de inflação de 8,6%, nível recorde da série histórica.

O cenário provoca sinais de alarme, porque pode deixar a União Europeia estagnada diante de uma mistura explosiva de baixo crescimento e inflação elevada.

A Comissão calcula que a Espanha fechará o ano com inflação de 8,1%, à frente de Alemanha (7,9%), Itália (7,4%) e França (5,9%).

No relatório semestral, a Comissão alerta que a situação pode piorar se a Rússia cortar o fornecimento do gás, já que a Europa continua muito dependente dos combustíveis russos.

A instituição explica que os riscos para a trajetória de crescimento e inflação "dependem em grande medida da evolução da guerra e, em particular, de suas consequências para o abastecimento de gás na Europa".

"Como a evolução da guerra (na Ucrânia) e a confiabilidade do fornecimento de gás são desconhecidas, esta previsão está sujeita a uma grande incerteza e a riscos negativos", afirmou Gentiloni em um comunicado à imprensa.



A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia exerce "uma pressão adicional ao aumento dos preços da energia e dos alimentos básicos", em uma situação que corrói o poder aquisitivo das famílias, afirmou a Comissão Europeia.

A UE adotou sanções severas contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia, incluindo um embargo progressivo ao petróleo importado de Moscou, que deve ser concluído até o final deste ano.

Até o momento, no entanto, a UE ainda não adotou uma medida semelhante contra o gás natural da Rússia, um combustível fundamental para o funcionamento de uma parte significativa da indústria europeia.

Em resposta às sanções, a Rússia começou a reduzir o fornecimento de gás aos países da UE, em um cenário dramático para o bloco, que busca uma fonte alternativa a este combustível em uma corrida contra o tempo.