Jornal Estado de Minas

LONDRES

Polícia britânica abre investigação sobre revelações de Mo Farah

A polícia britânica anunciou nesta quinta-feira que abriu uma investigação sobre as revelações do atleta tetracampeão olímpico Mo Farah, que disse ter sido vítima de tráfico de crianças para entrar no Reino Unido.



Farah, que tem origem somali, declarou em um documentário da BBC nesta semana que foi obrigado a trabalhar como empregado doméstico para uma família depois de ter entrado ilegalmente no país e que seu verdadeiro nome é Hussein Abdi Kahin.

"Estamos cientes das informações na imprensa sobre Sir Mo Farah", declarou em comunicado o departamento de polícia de Londres (MPS).

"Agentes especializados abriram uma investigação e estão analisando todas as informações disponíveis", acrescentou a mesma fonte.

Farah recebeu ajuda de seu professor de educação física na escola, Alan Watkinson, para obter a nacionalidade britânica, utilizando o nome dado pela mulher que organizou sua chegada ao país.

O governo britânico garantiu na quarta-feira que o atleta, um "herói esportivo", não terá sua nacionalidade retirada.

Antes das revelações, Farah afirmava que tinha chegado ao Reino Unido como refugiado com a mãe e dois irmãos para viver com seu pai, que já trabalhava no país.

No entanto, ele explicou que veio do Djibouti com uma mulher que nunca tinha visto antes e foi apresentado como um de seus filhos.

O atleta disse no documentário da BBC que seu pai foi na verdade assassinado durante a guerra civil na Somália, quando tinha quatro anos, enquanto sua mãe e dois irmãos vivem na região separatista da Somalilândia, não reconhecida pela comunidade internacional.

Farah foi incentivado a contar sua verdadeira história por sua esposa e filhos.

"Na realidade não quero falar disso, porque tinha dito a mim mesmo que não falaria nunca, que isso ficaria enterrado dentro de mim", declarou no documentário.