Jornal Estado de Minas

DOHA

Rebeldes se retiram dos diálogos de paz no Chade

Vários grupos rebeldes e políticos do Chade se retiraram neste sábado (16) da mesa de diálogo com o governo militar deste país africano, ao qual acusaram de tentar desestabilizar os esforços de paz.



A decisão ocorre menos de um dia depois de o presidente, Mahamat Idriss Deby Itno, anunciar que em 20 de agosto começaria um diálogo nacional de paz com vistas à realização de eleições.

Em um comunicado, os grupos rebeldes que celebravam diálogos intermediados pelo Catar, em sua capital, Doha, acusaram os representantes do governo de "assédio, intimidação, ameaças e desinformação".

Eles reclamaram que a nova data do diálogo foi estabelecida sem consultas e descreveram o futuro encontro como uma tentativa de "excluir" grupos armados e seus aliados políticos.

Deby assumiu o poder em abril do ano assado à frente de uma junta militar, depois que seu pai, Idriss Deby Itno, que presidiu o país entre 1990 e 2021, foi assassinado durante uma ofensiva rebelde na capital.

Embora um cronograma de 18 meses tenha sido estabelecido para a realização das eleições, os diálogos em Doha ficaram estagnados várias vezes e ainda não houve uma conversa direta entre a oposição e os representantes do governo.

A oposição exige como requisito para o diálogo que Deby não se apresente como candidato nas eleições, e o governo responde que esse deveria ser um tema a ser discutido no âmbito do diálogo nacional.

O Chade é um dos países mais pobres do mundo e os diálogos em Doha têm o objetivo, segundo o governo, de acabar com décadas de caos e instabilidade no país de 16 milhões de habitantes.