O Ministério Público da Confederação (MPC) confirmou à AFP por e-mail que havia manifestado na sexta-feira, 15 de julho, sua intenção de contestar a absolvição da lenda do futebol francês, que dirigia a Uefa antes do caso de que foi acusado, e daquele que foi durante muito tempo o emblemático presidente da FIFA.
"Esta não é uma decisão preliminar. A Promotoria Federal se baseará nas motivações escritas da decisão do tribunal para decidir o caminho a seguir", afirma o e-mail, especificando que não fornecerá informações adicionais por enquanto.
A motivação por escrito da decisão do Tribunal Penal Federal podem levar algum tempo.
O francês de 67 anos e o suíço de 86 anos comparecerem em junho ao tribunal após um controverso pagamento de 2 milhões de francos suíços (US$ 2,04 milhões) pagos pela FIFA a Michel Platini.
Defesa e acusação concordaram em um ponto: o três vezes Bola de Ouro prestou assessoria a Sepp Blatter entre 1998 e 2002, durante o primeiro mandato deste último à frente da FIFA, e em 1999 os dois homens assinaram um contrato que previa uma remuneração de 300.000 francos suíços (US$ 307.000), integralmente pagos pela FIFA.
Mas em janeiro de 2011, o ex-meio-campista francês, que se tornou presidente da Uefa (2007-2015) "reclamou uma dívida de 2 milhões de francos suíços", descrita como uma "fatura falsa" pela Promotoria.
Em sua defesa, os dois dirigentes insistiram que haviam acordado um salário anual de um milhão de francos suíços, com um "acordo de cavalheiros" oral e sem testemunhas, sem que as finanças da FIFA permitissem o pagamento imediato a Platini.
O tribunal considerou que a fraude "não ficou estabelecida com uma verossimilhança para confiar na certeza", aplicando assim o princípio do Direito que prevê o benefício da dúvida em favor do réu.
O ex-capitão dos Bleus havia estimado, ao deixar o tribunal no dia 8 de julho, ter "vencido a primeira partida" e voltou a mencionar uma manipulação político-judicial que pretendia afastá-lo do poder: "Neste caso há culpados que não compareceram ao processo. Que contem comigo, nos veremos novamente".
Michel Platini suspeita em particular de um papel oculto de Gianni Infantino, seu ex-braço direito na Uefa, eleito em 2016 como presidente da Fifa, e objeto desde 2020 de um processo distinto por três reuniões secretas com o ex-presidente do Ministério Público suíço.
GENEBRA