As mudanças climáticas são "um perigo claro e imediato", bem como "uma ameaça existencial à nossa nação e ao mundo", ressaltou Biden. "A saúde dos nossos cidadãos e comunidades está em jogo, bem como nossa segurança nacional e economia", afirmou em uma antiga central elétrica de carvão localizada no estado de Massachusetts, fechada em 2017 e em processo de reconversão para gerar energia eólica.
"Como o Congresso não está fazendo o que deveria, usarei minhas prerrogativas executivas", declarou o democrata, 79, sem decretar o "estado de emergência climática" solicitado por alguns membros do seu partido, manobra cujo impacto não é claro.
"Nossos filhos e netos contam conosco. Não é brincadeira. Se não limitarmos o aquecimento a menos de 1,5 grau, perderemos tudo. Não será possível voltar atrás", alertou Biden.
- 'No seu ritmo' -
O presidente pretende avançar "no seu ritmo. Há uma série de prerrogativas que ele pode usar", explicou hoje na rede de TV CNN sua principal assessora para assuntos climáticos, Gina McCarthy. Mas a Casa Branca assinala que decretar estado de emergência climática continua sendo uma opção.
Entre os decretos preparados pelo governo Biden estão mais verbas para ajudar a proteger as regiões que enfrentam um calor extremo e medidas para promover a produção de energia eólica nos Estados Unidos.
A agência federal encarregada dos desastres naturais e outras emergências (Fema) irá destinar 2,3 bilhões de dólares para ajudar as comunidades locais a se adaptarem às mudanças climáticas e suas consequências (ondas de calor, secas, inundações etc.).
O governo federal também quer apoiar os lares menos privilegiados e as áreas residenciais mais pobres, ajudando algumas famílias a pagar suas contas de luz. Também permitirá a instalação de parques eólicos no Golfo do México que forneçam eletricidade para até 3 milhões de residências.
O governo americano insiste em manter suas promessas em matéria climática, incluindo a redução das emissões de gases do efeito estufa. Em abril de 2021, Biden prometeu reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos Estados Unidos em 50-52% até 2030, em comparação com 2005, um objetivo estabelecido como parte do Acordo Climático de Paris, que deve permitir que a maior economia do mundo alcance a neutralidade de carbono até 2050.
A agenda climática de Biden sofreu um golpe quando o senador democrata Joe Manchin anunciou, no fim de 2021, que não apoiaria o plano de investimentos "Reconstruir Melhor" ("Build Back Better"). O projeto voltou a ser negociado com base em um pacote mais limitado, de cerca de 555 bilhões, mas o congressista da Virgínia Ocidental, estado conhecido por suas minas de carvão, novamente o rejeitou, dizendo que leva a gastos imprudentes em tempos de inflação. Sem o voto de Manchin, a lei não passará no Senado, onde os democratas contam com uma pequena maioria.
Biden também enfrenta uma Suprema Corte conservadora e profundamente hostil a qualquer regulamentação centralizada, o que limita os poderes do Estado federal na luta contra o aquecimento global.
WASHINGTON