Entrevistado pela primeira vez desde as primeiras revelações em 2016 pela revista, ele afirma ter evidências de irregularidades financeiras cometidas por altos funcionários russos e seus aliados, que ajudaram a financiar a guerra na Ucrânia.
"As empresas de fachada que financiam o exército russo são as que matam civis na Ucrânia, enquanto os mísseis de Putin atingem shopping centers", disse Jhon Doe, pseudônimo usado pelo denunciante. Essas corporações "tornam esses horrores possíveis e muito mais", continua ele.
Para Doe, o presidente russo Vladimir "Putin é uma ameaça maior para os Estados Unidos do que Hitler, e as empresas de fachada são seus melhores amigos".
Ele também revelou que teme qualquer retaliação da Rússia. "É um risco com o qual vivo, já que o governo russo expressou o fato de que me quer morto", disse ele.
De acordo com o denunciante, o canal estatal russo RT transmitiu um documentário de dois capítulos sobre os "Panamá Papers" em que o personagem 'John Doe' apareceu ferido na cabeça após ser torturado.
"A mensagem não foi sutil. Já vimos como outras pessoas ligadas a contas offshore e submetidas a processos judiciais por tributação irregular recorrem ao assassinato", ressalta.
Como prova, destaca as mortes dos jornalistas Daphne Caruana Galizia e Jan Kuciak, dois jornalistas investigativos assassinados em Malta e na Eslováquia.
"Os Panamá Papers envolvem tantas organizações criminosas transnacionais, algumas delas ligadas a governos, que é difícil imaginar o quão seguro seria revelar a identidade", considera o denunciante, que prefere permanecer anônimo.
O "Panamá Papers" é a maior investigação jornalística sobre documentos financeiros revelada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Esses vazamentos levaram à renúncia do primeiro-ministro islandês e abriram caminho para a destituição do líder paquistanês.