"Vamos tomar medidas de pressão similares contra os meios de comunicação ocidentais (...) Também não vamos deixar trabalharem em nosso país", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.
Os países da UE decidiram suspender a partir de 2 de março a transmissão dos veículos Sputnik e RT, considerados instrumentos de "desinformação" da Rússia, tanto na televisão como na internet.
A RT France, a única filial da emissora russa na UE após a suspensão da Alemanha no final de 2021, recorreu ante a justiça europeia, argumentando que a medida limita a liberdade de expressão.
Na decisão publicada nesta quarta-feira, o Tribunal Geral da UE recusou o pedido ao considerar que a "proibição temporária" não "coloca em questão" a liberdade de expressão em seu sentido estrito.
Os magistrados consideraram também que as medidas são proporcionais aos "objetivos pretendidos": impedir a "propaganda" a favor da "agressão militar da Ucrânia por parte da Federação Russa".
Estas medidas, "sempre que temporárias e reversíveis, não afetam de maneira desproporcional ao conteúdo essencial da liberdade da empresa RT France", afirmou a Corte com sede em Luxemburgo.
A RT France, propriedade de uma associação financiada pela Rússia, a ANO-TV Novosti, anunciou que recorreu da decisão ante o Tribunal de Justiça da UE, a máxima jurisdição do bloco.
"Apesar desta censura, a RT France continuará contribuindo com perspectivas diferentes sobre a atualidade onde estiver", disse em nota sua presidente, Xenia Fedorova, para quem "o Poder Judiciário não pode e não quer se opor ao político".
- "Ataque à liberdade de expressão" -
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia em 24 de fevereiro, Moscou bloqueou vários sites ocidentais (BBC, Die Welt, RFI, Deutsche Welle,...) e redes sociais como Facebook e Twitter.
Em maio, a Rússia fechou a emissora de rádio e televisão canadense porque Ottawa proibiu a transmissão da RT.
Em paralelo, vários meios suspenderam sua atividade na Rússia por temerem represálias depois da aprovação de uma lei que prevê até 15 anos de prisão por "informações falsas" sobre o Exército russo.
O porta-voz do Kremlin garantiu que os meios ocidentais não devem esperar "nenhuma flexibilidade" de Moscou após esta decisão, que considerou um "ataque à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa nos países europeus, incluindo a França".
Para o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, "a manipulação que justifica a agressão da Rússia não tem espaço na UE".
A RT tem sido acusada sistematicamente de divulgar a propaganda estatal russa. A emissora foi bloqueada pela maioria dos países ocidentais desde que o presidente russo Vladimir Putin enviou tropas à Ucrânia.
O canal, lançado em 2005 com o nome Russia Today, aumentou seu alcance com transmissões e páginas na internet em vários idiomas como inglês, francês, espanhol, alemão e árabe.