Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Vendas de fuzis de assalto nos EUA geraram lucros de US$ 1 bi em 10 anos

Os cinco principais fabricantes de armas dos Estados Unidos lucraram mais de 1 bilhão de dólares em uma década com a venda de rifles de assalto, afirmou uma congressista, nesta quarta-feira (27), no início de uma audiência sobre a posse de armas.



Os fuzis semiautomáticos do tipo AR-15 "são armas extremamente letais, projetadas para matar soldados inimigos no campo de batalha", assegurou Carolyn Maloney, que preside a Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes.

"A indústria inundou nossos bairros, nossas escolas, inclusive nossas igrejas e sinagogas, com essas armas mortais e enriqueceu fazendo isso", acrescentou a democrata.

Maloney também destacou os lucros obtidos através de "perigosas táticas de marketing" voltadas para as "inseguranças dos jovens".

Segundo a congressista, a empresa Ruger lucrou mais de 100 milhões de dólares pelas vendas desse tipo de fuzil em 2021, o dobro de 2020, e a Daniel Defense triplicou seus lucros com esse tipo de armamento entre 2019 e 2021.

Os diretores de ambas as empresas, que falaram à comissão por videoconferência, denunciaram o derramamento de sangue cometido com suas armas, mas rejeitaram qualquer responsabilidade no assunto.

"A resposta de nosso país não deve ser contra o tipo de arma, mas contra o tipo de pessoas que podem cometer estas carnificinas", comentou Marty Daniel, diretor-geral da Daniel Defense, cujo modelo foi utilizado pelo atirador que matou 21 pessoas em uma escola do Texas em maio passado.



"Estou profundamente consternado por este ato horrível cometido por uma pessoa má", disse. No entanto, "temo que o propósito desta comissão é culpar os mais de 24 milhões de rifles esportivos em circulação" e que estiveram envolvidos em "apenas 4% dos homicídios com armas de fogo em 2019".

Christopher Killoy, presidente da Ruger, concluiu que as armas "são objetos inanimados". Sua empresa é o principal fabricante de rifles de assalto dos Estados Unidos e conta com 2.000 postos de trabalho "muito bem pagos", segundo ele.

A audiência acontece no momento em que a Câmara dos Representantes se dispõe a votar no fim desta semana a proibição dos rifles de assalto.

Tudo indica que o projeto, apoiado pelo presidente Joe Biden, não vai passar pelo Senado, onde seria necessário o apoio de dez republicanos, partido que é amplamente favorável ao direito dos americanos de possuir armas.

Em 1994, o Congresso aprovou uma lei com duração de dez anos que proibia os rifles de assalto, projetados para matar o maior número de pessoas possível, e certos carregadores de alta capacidade. A lei expirou em 2004 e, desde então, as vendas dispararam, especialmente entre os jovens.