"No último sábado, sob minhas ordens, os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo sobre Cabul, que matou o emir da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri", informou o presidente em pronunciamento na Casa Branca. "A justiça foi feita e esse líder terrorista não existe mais."
Considerado o cérebro por trás dos atentados de 11 de setembro de 2001, que deixaram quase 3.000 mortos em Nova York, al-Zawahiri assumiu a liderança da organização terrorista depois da morte de Osama bin Laden, em 2011.
Ele era um dos terroristas mais procurados no mundo pelos Estados Unidos, que ofereciam US$ 25 milhões em recompensa por qualquer informação que levasse a sua prisão ou condenação.
Sua morte permitirá que as famílias das vítimas dos ataques contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York e a sede do Pentágono perto de Washington "virem a página", declarou o presidente democrata.
O ataque com drone foi realizado sem a presença militar americana no terreno, disse uma autoridade americana, o que demonstra a capacidade dos Estados Unidos de "identificar e localizar até os terroristas mais procurados do mundo e tomar medidas para eliminá-los".
Ayman al-Zawahiri foi localizado "várias vezes e por longos períodos na varanda onde foi finalmente atingido" pelo ataque na capital afegã, acrescentou.
A operação "não causou vítimas civis", disse Joe Biden durante seu discurso.
O ministro do Interior afegão negou no fim de semana relatos sobre um ataque com aviões não tripulados em Cabul e afirmou à AFP que um foguete atingiu "uma casa vazia" na capital.
No entanto, em comunicado publicado no Twitter antes do pronunciamento de Biden, o porta-voz do Talibã admitiu a existência de um "ataque aéreo", atribuído a um "drone americano".
A presença de Ayman al-Zawahiri em Cabul era uma "clara violação" dos acordos alcançados com o Talibã em Doha em 2020, segundo os quais os islâmicos se comprometeram a não receber a Al-Qaeda em seu território, disse a autoridade.
No comunicado, os islamitas afegãos também acusaram Washington de violar esses acordos ao realizar ataques em seu território.
A Arábia Saudita comemorou o anúncio de Biden e classificou al-Zawahiri como "um dos líderes do terrorismo que comandou o planejamento e execução de operações terroristas hediondas nos Estados Unidos, Arábia Saudita e outros países".
- "Desafios" -
"Embora tivesse muitos defeitos, (al-Zawahiri) não era tão insignificante quanto muitos analistas acreditavam", disse Thomas Joscelyn, especialista do grupo de estudo Foundation for Defense of Democracies, no Twitter nesta segunda-feira.
Quando Ayman al-Zawahiri herdou em 2011 uma organização decadente, precisou, para sobreviver, multiplicar as "franquias" e seus juramentos de lealdade circunstanciais, da Península Arábica ao Magrebe, da Somália ao Afeganistão, Síria e Iraque.
"Apesar da liderança de al-Zawahiri, o grupo ainda enfrenta sérios desafios. Por um lado, há a questão de quem vai liderar a Al-Qaeda quando al-Zawahiri se for", disse Colin Clarke, pesquisador do Soufan Group.
No final de 2020, houve rumores de que ele havia morrido por uma doença cardíaca, mas o líder reapareceu em um vídeo.
Em agosto de 2020, o número dois da Al-Qaeda, Abdullah Ahmed Abdullah, foi morto nas ruas de Teerã por agentes israelenses durante uma missão secreta liderada por Washington, segundo The New York Times.
Em 3 de fevereiro, Joe Biden anunciou a morte do líder do grupo Estado Islâmico (EI) Abu Ibrahim al-Hachimi al-Quurachi durante uma operação no norte da Síria.
O anúncio acontece quase um ano após a caótica retirada das forças americanas do Afeganistão que permitiu aos talibãs recuperar o controle do país após 20 anos.
"Reiteramos claramente esta noite que não importa quanto tempo demore, onde se esconda, se alguém representa uma ameaça para nossa população, os Estados Unidos o encontrarão e o eliminarão", insistiu Biden.
WASHINGTON