O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, nessa segunda-feira (8/8), que sua residência na Flórida estava sendo "revistada" por agentes do FBI, o que ele classificou como um ato de "má conduta processual".
"Estes são tempos obscuros para nossa Nação, já que minha linda casa, Mar-A-Lago em Palm Beach, Flórida, está atualmente sitiada, sendo revistada e ocupada por um grande grupo de agentes do FBI", disse o ex-presidente em comunicado publicado em sua rede social, Truth.
Imagens aéreas mostraram viaturas da polícia do lado de fora da propriedade. Simpatizantes do ex-presidente também se reuniram no local e exibiram cartazes e bandeiras dos Estados Unidos com o rosto de Trump.
"É uma má conduta processual", disse Trump, que considerou o fato como "um ataque dos democratas da esquerda radical que, desesperadamente, não querem que eu me candidate à presidência em 2024".
"Tal ato só poderia acontecer em países quebrados do Terceiro Mundo. Lamentavelmente, os Estados Unidos viraram um destes países", completou.
"Abriram até meu cofre!", garantiu Trump, que segundo o jornal New York Times não estava no local.
Alguns legisladores republicanos usaram as redes sociais par criticar a operação e acusaram o Departamento de Justiça de exceder suas funções.
Os Arquivos Nacionais disseram em fevereiro que recuperaram 15 caixas de documentos da propriedade de Trump na Flórida. Segundo o Washington Post, as caixas continham documentos altamente confidenciais que Trump levou de Washington após sua derrota nas eleições de 2020.
Os documentos - que também incluíam correspondência do ex-presidente Barack Obama - deveriam ter sido entregues por lei no final da presidência de Trump, mas acabaram em seu complexo de Mar-a-Lago.
A recuperação das caixas levantou questões sobre a conformidade de Trump com as leis de registros presidenciais promulgadas após o escândalo de Watergate na década de 1970, que exigem que os presidentes preservem registros relacionados à atividade de seu governo.
Os Arquivos Nacionais então solicitaram que o Departamento de Justiça abrisse uma investigação sobre as práticas de Trump.
- "Prestar contas" -
Funcionários da Casa Branca chegaram a descobrir maços de papel entupindo banheiros, levando-os a acreditar que Trump tentou se livrar de certos documentos, de acordo com um livro de Maggie Haberman, repórter do The New York Times.
Desde que fez seu último voo no Força Aérea Um de Washington para a Flórida em 20 de janeiro do ano passado, Trump continua sendo a figura mais polarizadora dos Estados Unidos, apostando todas as fichas em sua campanha sem precedentes para semear a versão, sem provas, de que venceu as eleições de 2020.
Por semanas, Washington é palco de audiências no Congresso sobre o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio por uma multidão de apoiadores de Trump e suas tentativas de anular a eleição.
O Departamento de Justiça americano também investiga o caso, mas o procurador-geral Merrick Garland ainda não identificou um culpado.
"Temos que fazer todas as pessoas que são criminalmente responsáveis prestar contas por tentar anular uma eleição legítima", afirmou Garland recentemente, enfatizando que "nenhuma pessoa está acima da lei".
Os esforços para anular os resultados das eleições de 2020 também estão sob investigação no estado da Geórgia, enquanto que as práticas comerciais de Trump estão sob investigação em Nova York.
O magnata do setor imobiliário ainda não declarou oficialmente sua candidatura às eleições presidenciais de 2024, embora tenha dado fortes indícios nas últimas semanas de que um movimento nessa direção está em seus planos.
Com o índice de aprovação do presidente democrata Joe Biden caindo abaixo de 40% e os democratas na expectativa de perder o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato, em novembro, Trump parece otimista de que pode aproveitar a onda republicana para retornar à Casa Branca em 2024.