Jornal Estado de Minas

MUSA QALA

Afeganistão afunda na pobreza e na doença após retorno do Talibã

As salas lotadas do hospital em ruínas do distrito de Musa Qula, no sul do Afeganistão, são um dos símbolos da dramática crise humanitária no país, um ano após a volta ao poder dos talibãs.



No mês passado, este hospital na província de Helmand foi forçado a fechar suas portas, exceto para pessoas suspeitas de estarem infectadas com cólera.

A enfermaria rapidamente se viu lotada de pacientes apáticos.

Embora a 'vou pagar os salários dos professores', isso é ótimo", diz Shapour. "Mas então o que o Talibã fará com o dinheiro que não gastar com os salários dos professores?", continua.

Em Musa Qala, a economia parece mal subsistir com consertos de motocicletas, venda de ossos de aves e bebidas energéticas mantidas em freezers sujos.

- Situação melhor -

A cidade, testemunha de alguns dos capítulos mais sangrentos da guerra de 2001-2021, está ligada a Lashkar Gah por uma trilha que sobe o leito seco de um rio.

A estrada continua mais ao sul, em Sangin, onde as paredes de tijolos de barro foram tão danificadas pelo fogo de artilharia que estão afundando.

"Agora podemos ir ao hospital, dia ou noite", explica Maimana, cuja filha Asia, de 8 anos, está sendo tratada em Musa Qala.



"Antes havia combates e minas", lembra.

O fluxo de novos pacientes significa que há "menos espaço" e "menos funcionários, o que é difícil", diz à AFP o diretor de saúde pública de Helmand, Sayed Ahmad.

No entanto, esse médico de fala mansa, cujo consultório é decorado com livros de Medicina, insiste que "a situação global é melhor" do que sob o governo anterior, onde a corrupção era abundante.

A bandeira do Talibã tremula em Helmand, hasteada em prédios crivados de balas.

Depois de duas décadas ansiando pelo controle do país, o Talibã teve sucesso em um momento em que o país está falido.

"O uniforme do governo é grande demais para eles", diz um homem em Lashkar Gah, que pede para permanecer anônimo.