A atriz e ativista Sacheen Littlefeather, que pertence às comunidades indígenas apache e yaqui, foi interrompida no Oscar de 1973, enquanto explicava por que o ausente Brando não podia aceitar o Oscar de melhor ator por "O Poderoso Chefão".
Brando havia pedido a Sacheen que recusasse o prêmio em seu nome, em um ato de repúdio à atitude da indústria em relação aos povos originários. Mais tarde, contou que seguranças haviam impedido que o ator veterano John Wayne a agredisse fisicamente.
"Os maus-tratos que sofreu por causa dessa declaração foram gratuitos e injustificados", diz a carta de desculpas enviada em junho a Sacheen pelo então presidente da Academia, David Rubin. "A carga emocional que você viveu e o custo para a sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis."
"Por muito tempo, a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e sincera admiração", acrescenta o texto, que a Academia divulgou com o anúncio de que Sacheen foi convidada a discursar no próximo mês no museu de cinema da organização em Los Angeles, que prometeu enfrentar "a história problemática" do Oscar, incluindo o racismo.
"Em relação ao pedido de desculpas da Academia, nós, índios, somos pessoas muito pacientes, passaram-se apenas 50 anos!", reagiu a ativista indígena. "Precisamos manter nosso senso de humor em relação a isso a todo momento. É o nosso método de sobrevivência", declarou, considerando o próximo evento "um sonho que se tornou realidade". "É profundamente encorajador ver quanta coisa mudou desde que não aceitei o Oscar, 50 anos atrás."
A Academia tomou medidas para enfrentar as acusações de falta de diversidade racial nos últimos anos. Em 2019, o astro de "O Último dos Moicanos", Wes Studi, tornou-se o primeiro ator nativo americano a receber um Oscar, pelo conjunto da obra.
O evento com Sacheen Littlefeather, descrito como "um programa muito especial de conversa, reflexão, cura e celebração", acontecerá no dia 17 de setembro.mbre.