A estratégia, apresentada nesta segunda-feira durante a conferência diária do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, tentará conter o fluxo de água que entra na mina, que ganhou força desde domingo.
"Dei instruções para reforçar todo o plano (...) Não vamos parar de trabalhar para resgatar os mineiros", afirmou López Obrador.
O nível de água se encontrava nesta segunda-feira em 38,49 metros, frente a 1,30 metros na madrugada de domingo, informou a responsável da Defesa Civil, Laura Velázquez. Um dia após o acidente eram 30 metros.
A nova estratégia pretende evitar que entre mais água na mina de carvão Conchas Norte na El Pinabete, na comunidade de Agujita (estado de Coahuila), onde se encontram os mineiros, explicou Velázquez.
O plano é "fazer 20 furos de 15 centímetros, a 60 metros de profundidade, nas galerias das Conchas Norte", além de injetar cimento através desses furos "para sua vedação".
Velázquez detalhou que os trabalhos começarão na terça-feira, mas que ainda não se sabe quanto tempo levará para realizar a vedação, uma proposta apresentada por uma equipe de assessoria técnica.
"Conseguir injetar este cimento não é fácil, é uma ação de longo prazo (...) é uma questão de mais dias", disse a responsável a jornalistas no município de Sabinas, onde fica Agujita.
Velázquez acrescentou que a nova estratégia requer um tipo "especial" de cimento que será levado ao lugar do resgate.
López Obrador, no entanto, não descartou buscar ajuda de outros países. "Se for necessário, traremos socorristas de qualquer lugar do mundo", afirmou.
Desde o dia do acidente, não há sinais de que os trabalhadores estejam vivos.
- Vazamento e chuva -
Segundo Velázquez, há "quase dois milhões de metros cúbicos (2 bilhões de litros) nas galerias da mina de Conchas Norte, abandonada há 30 anos.
Dois milhões de litros de água vazaram desta mina para El Pinabete, enquanto as bombas das equipes de resgate só conseguem retirar 371 litros por segundo, informou.
Também choveu sem parar desde a madrugada desta segunda-feira sobre o município de Sabinas.
A boa notícia para os habitantes da região castigada por uma seca severa este ano foi um golpe para os poucos familiares que encontraram um teto para abrigar-se no perímetro da zona de resgate.
Guadalupe Cabriales, irmã de Margarito, um dos mineiros presos, observava com tristeza as poças que se formavam ao redor do precário acampamento, que ficou quase deserto nesta segunda-feira devido à chuva persistente.
"Com está água... espero que não esteja pior por lá", disse, referindo-se à área do resgate.
As autoridades trabalham com a hipótese de que El Pinabete inundou quando os trabalhadores abriram um vão em uma parede adjacente à Conchas Norte, fazendo com que a água entrasse na mina onde estavam.
O aumento abrupto da inundação no domingo derrubou as esperanças dos familiares dos mineiros, que expressaram "desespero" diante do lento progresso de resgate e desconfiança em relação à liderança da operação.
"Gostaríamos que colocassem mais e mais bombas para que meu irmão pudesse sair", afirmou Cabriales.
O novo plano foi atrasado pelas chuvas que amoleceram a terra e produziram lama, dificultando o movimento de caminhões e máquinas pesadas, constatou a AFP.