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Estado de Minas CAIRO

Após incêndio, Egito deve lidar com a questão das igrejas


17/08/2022 08:44

O incêndio mortal em uma pequena igreja copta no Cairo evidenciou a questão delicada da manutenção dos locais de culto cristão em um país com uma esmagadora maioria muçulmana, onde os coptas se sentem ignorados.

No domingo, quando a igreja de Abu Sifin pegou fogo, havia 200 pessoas reunidas para a missa, informou à AFP o padre Yohanna.

Quarenta e uma pessoas morreram asfixiadas pela fumaça, devido à demora das equipes de resgate.

O padre Yohanna perdeu seis parentes no incêndio, incluindo dois gêmeos de cinco anos e seu irmão mais novo de quatro anos.

O padre destaca que ainda há muito a fazer, como melhorar as normas de segurança ou ter instalações adaptadas e serviços de emergência adequados.

Mas construir ou reformar uma igreja agora é "mais simples" graças a uma lei aprovada em 2016, admite.

O Estado afirma que o texto permitiu "legalizar" 1.077 igrejas e se gaba de ser um "modelo único multiconfessional de coexistência e unidade nacional".

O argumento da "unidade nacional", porém, serve de pretexto para acusar de "comportamentos antipatrióticos" aqueles que denunciam a discriminação contra os cristãos coptas, diz a historiadora Amy Fallas.

- Bairros pobres -

A Iniciativa Egípcia pelos Direitos das Pessoas (EIPR), a ONG de direitos humanos mais ativa no país, culpa essa lei por ter ampliado ainda mais o fosso de desigualdade.

Segundo a organização, apenas 20% dos pedidos de construção ou reforma de igrejas foram aprovados pelas autoridades.

A igreja Abu Sifin ocupava um prédio localizado nas vielas labirínticas do bairro Imababa, onde é difícil a passagem de carros.

Tinha apenas uma entrada, que foi rapidamente obstruída pelas chamas, segundo testemunhas.

As escadas estreitas que levam às salas dedicadas ao ensino e outros serviços propostos pela igreja tornaram-se armadilhas cheias de fumaça e os fiéis foram obrigados a "saltar pelas janelas", de acordo com relatos de uma testemunha à AFP.

A igreja tinha "apenas 120 metros quadrados", explicou o papa Tawadros II, chefe da Igreja Ortodoxa Copta.

Terá de ser "transferida para um espaço maior", argumentou, porque muitos dos cerca de 15 milhões de coptas no Egito vivem em Imbaba.

Uma das propostas em cima da mesa seria deslocá-la para a periferia, já que a cidade, com 20 milhões de habitantes, é muito populosa.

"Não é prático", diz o padre Yohanna. "Os locais de culto devem ser próximos de onde vivem os coptas", enfatiza. Uma minoria que reside principalmente nos bairros antigos do centro do Cairo.

No momento, as autoridades anunciaram que vão reformar o templo.

Após a tragédia de Abu Sifine, outras duas igrejas sofreram incêndios causados por curtos-circuitos.

"Cada vez, é uma questão de vida ou morte que afeta desproporcionalmente as igrejas em bairros pobres", disse Fallas à AFP.

Mas falar sobre a discriminação contra os coptas, que muitas vezes reclamam que suas necessidades não estão sendo atendidas pelas autoridades, não é isento de riscos.

Em janeiro, nove coptas cumpriram uma sentença de três meses de prisão por pedir a reconstrução da única igreja em sua cidade, Ezbet Faragallah, ao sul do Cairo.


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