Jornal Estado de Minas

NICARÁGUA

Terceiro padre é preso em meio a repressão à Igreja Católica na Nicarágua

O padre Óscar Benavidez Dávila foi preso no domingo (14/8) em meio à escalada da repressão à Igreja Católica na Nicarágua. Outros dois padres foram presos no país desde junho do ano passado, além do fechamento de sete estações de rádio diocesanas, a proibição de procissões e a expulsão de 18 freiras da ordem de Madre Teresa de Calcutá.





 

De acordo com o processo judicial, o estado nicaraguense se considera “vítima e ofendido” pelas ações do religioso, mas não é especificado o crime que ele supostamente cometeu. Óscar Benavidez atua na paróquia do Espírito Santo em Mulukukú, no extremo norte caribenho da Nicarágua.

 

Segundo reportagem do site Confidencial, veículo de jornalismo independente nicaraguense, a polícia diz que o padre está em Manágua, capital do país. Fontes da igreja afirmam que ele está numa prisão conhecida como “El Chipote”, que é denunciada como centro de tortura por organizações de direitos humanos.

 

Uma reforma no Código Penal da Nicarágua aprovada pela Assembleia Nacional em fevereiro do ano passado alterou o prazo de detenção de suspeitos de crimes para investigação de 48 horas para três meses. O Ministério Público pede esse tempo para investigar Benavidez, que foi retirado de seu veículo e levado pela polícia após celebrar uma missa no domingo.





 

De acordo com o Confidencial, o padre é conhecido por seu carisma e foi ex-assessor da Pastoral Juvenil da Diocese de Matagalpa. Em 2018, após a crise desencadeada pela repressão do regime de Daniel Ortega, “o padre começou a ver como os paroquianos tinham medo de assistir à missa e começou a se demitir dos cargos pastorais que lhe cabia como pároco.”

 

Perseguição a religiosos

Os outros dois padres presos no último ano foram Manuel García de Nandaime e Monsenhor Leonardo Urbina. O primeiro foi acusado de agredir uma mulher e o segundo de estupro. Em ambos os casos, os julgamentos foram caracterizados pela falta de devido processo legal, segundo juristas independentes.

 

Há 14 dias, o bispo de Matagalpa, Dom Rolando Alvárez, está em cerco policial com outras oito pessoas na Cúria Episcopal de Matagalpa. Ele é crítico ao governo de Daniel Ortega e Rosario Murillo. A agência de telecomunicações do país disse que as setes estações de rádio religiosas fechadas não atendem aos requisitos técnicos para estar no ar, sem especificar quais.


Segundo o Confidencial, a juíza responsável pelo processo faz parte dos tribunais que atuaram contra presos políticos como parte de uma rede de funcionários que subordinaram suas decisões judiciais à vontade do partido de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua.