Murillo Karam, preso desde a sexta-feira passada, também deverá responder em juízo por crimes contra a aplicação da justiça, segundo decisão de um magistrado durante audiência celebrada na Cidade do México, informou à imprensa o Conselho do Judiciário Federal (CJF).
O ex-funcionário é responsável pelas contestadas investigações sobre o desaparecimento de 43 estudantes da escola normal rural de Ayotzinapa (estado de Guerrero, sul), ocorrida em 26 e 27 de setembro de 2014.
Durante seu comparecimento nesta quarta-feira, Murillo Karam defendeu a chamada "verdade histórica", como denominou a investigação realizada pela Procuradoria Geral, então subordinada ao governo do então presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018).
"Posso aceitar alguns erros, podem ter havido falhas, problemas e aceitar coisas que foram mal feitas, mas ninguém pôde descartá-la", disse o ex-procurador, segundo um repórter do jornal Reforma, presente na diligência.
A "verdade histórica" não certificou a participação de militares, diferentemente do relatório de uma comissão governamental, divulgado na quinta-feira passada.
Murillo Karam chegou a ser um peso pesado do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por 71 anos ininterruptos até dezembro de 2000.
O ex-funcionário foi detido na sexta-feira passada em sua casa em um bairro abastado da Cidade do México, um dia depois de a comissão governamental divulgar o relatório, que contesta a "verdade histórica" e aponta a participação de autoridades civis e militares no desaparecimento, que considera um "crime de Estado".