"Após semanas de negociações intensas, mas produtivas, a Rússia sozinha decidiu vetar o consenso sobre um documento final" ao final da conferência de revisão do TNP, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel.
Para Patel, o único objetivo de Moscou foi bloquear "o entendimento que reconhece o grave risco radiológico na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia", ocupada pelo exército russo.
A central de Zaporizhzhia, a maior da Europa, foi tomada por tropas russas no início de março, pouco depois de Moscou ter invadido a Ucrânia em 24 de fevereiro, e fica perto da linha de frente no sudeste do país.
Kiev e Moscou se acusaram mutuamente de realizar bombardeios nas proximidades da usina, e seu operador alertou no sábado sobre riscos de vazamentos radioativos e incêndios.
Os 191 signatários do TNP --que vigora desde 1970 com o objetivo de impedir a proliferação de armas nucleares, promover o desarmamento completo e fomentar a cooperação no uso pacífico da energia nuclear-- se reuniram desde 1º de agosto na sede das Nações Unidas em Nova York para uma revisão programada a cada cinco anos.
Mas a Rússia bloqueou a adoção de uma declaração conjunta na sexta-feira, denunciando "parágrafos descaradamente políticos" no rascunho final.
"Apesar da cínica resistência da Rússia, o fato de que todas as outras partes apoiaram o documento final demonstra o papel essencial do tratado na prevenção da proliferação nuclear", disse Patel.
A Áustria, um país neutro e não nuclear, condenou no sábado a atitude das principais potências durante as negociações, e não apenas a Rússia.
"Ao contrário dos compromissos de desarmamento consagrados no TNP, os cinco Estados com armas nucleares - Estados Unidos, França, China, Reino Unido e Rússia - estão aumentando ou aperfeiçoando seus arsenais", disse o governo austríaco em comunicado.
Viena destacou a falta de "disposição perceptível de cumprir obrigações contratuais anteriormente não cumpridas" pelos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU.