De acordo com a denúncia apresentada ao Ministério Público pelo ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, a PDVSA efetuou diversas transferências no total de 4,85 bilhões de dólares por um crédito adquirido em fevereiro de 2012 com a empresa privada Atlantic 17.107 A.C. Mas a estatal "nunca" teria recebido o dinheiro do empréstimo.
Em vez disso, a Atlantic cedeu essa linha de crédito aos "fundos" estrangeiros Violet e Vuelca, com sede no Panamá e São Vicente e Granadinas, respectivamente. E esses novos "credores" da PDVSA receberam os pagamentos de um crédito que não se concretizou, sempre segundo o governo.
O ministro disse que entregou como prova ao procurador-geral, Tarek William Saab, "cópias autenticadas" dos recibos de pagamento, em um total de 28 transferências, para Violet e Vuelca. O funcionário definiu a manobra como uma "megafraude".
El Aissami afirmou que a trama foi "orquestrada" por Rafael Ramírez, alvo de investigações de corrupção desde 2017, em uma ofensiva judicial que já provocou uma centena de prisões de ex-diretores da estatal.
Horas depois, o procurador-geral relatou a prisão do ex-vice-presidente de Finanças da companhia, Víctor Aular, também acusado de apropriação indevida. Anunciou ainda o início de uma investigação sobre essa "trama de corrupção".
Segundo Saab, o ex-diretor da PDVSA "assinou o contrato de empréstimo com a administradora Atlantic, responsável por um desfalque de cerca de 5 bilhões de dólares".
O Ministério Público informou em fevereiro de 2021 que emitiu um alerta vermelho da Interpol para que Ramírez fosse capturado na Itália, onde se encontrava, mas o país negou a possibilidade de extradição em setembro, segundo seu advogado.
Ramírez, que dirigiu por mais de uma década a indústria petrolífera venezuelana, publicou no Twitter, antes da declaração de El Aissami, que o governo de Maduro estava preparando uma armação contra ele.
Ex-presidente da PDVSA (2004-2014) e ex-ministro do Petróleo (2002-2014), Ramírez foi um dos homens de confiança de Chávez (1999-2014), mas no final de 2017 rompeu com seu sucessor, Maduro, renunciando então ao cargo de embaixador da Venezuela na ONU.
CARACAS