"As forças de segurança de Irã e Turquia devolveram à força afegãos que tentavam cruzar as fronteiras destes países para se colocarem a salvo em numerosas ocasiões, inclusive abrindo fogo de forma ilegal contra homens, mulheres e crianças", assinala o relatório.
A investigação foi realizada em março no Afeganistão com 74 pessoas que afirmaram terem sido devolvidas à força, entre elas 48 que disseram que foram alvejadas ao tentar cruzar as fronteiras de Irã e Turquia.
Segundo a ONG, as forças iranianas "mataram e feriram ilegalmente dezenas" de pessoas, inclusive abrindo fogo contra carros lotados de pessoas.
"Os guardas fronteiriços turcos também utilizaram ilegalmente munição real", afirma a pesquisadora da Anistia, Marie Forestier, no relatório.
A organização se reuniu com os familiares de seis homens e um jovem de 16 anos que morreram pelas mãos das forças de segurança iranianas quando tentavam cruzar a fronteira com o Irã entre abril de 2021 e janeiro de 2022.
No total, a organização documentou 11 mortes atribuídas às forças de segurança iranianas.
Segundo a Anistia Internacional, as forças de segurança iranianas dispararam contra pessoas que escalavam os muros fronteiriços, tentavam passar por baixo das cercas ou se deslocavam em automóvel ou a pé da fronteira rumo ao território iraniano.
Muitos dos que conseguiram cruzar as fronteiras dos dois países foram torturados e detidos arbitrariamente na Turquia e no Irã antes de serem devolvidos à força ao Afeganistão, disse a ONG.
"Pedimos às autoridades turcas e iranianas que detenham imediatamente todas as deportações e expulsões ilegais, e que garantam uma passagem segura e o acesso aos procedimentos de asilo" para os afegãos que buscam proteção, afirmou a Anistia.
A ONG também fez um apelo à comunidade internacional para que proporcione ajuda financeira aos países que acolhem os refugiados afegãos, incluídos Irã e Turquia.
Centenas de milhares de afegãos fugiram do país desde que os talibãs tomaram o poder em agosto de 2021, segundo a ONG.