Trudeau investigará acusação de que espião canadense ajudou a traficar adolescentes britânicas

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se comprometeu nesta quarta-feira (31) a "dar seguimento" às acusações de que um espião que trabalhava para a inteligência canadense traficou estudantes britânicas para a Síria, onde pelo menos uma delas se casou com um integrante do grupo Estado Islâmico (EI).

Segundo o jornal britânico The Times, em 2015, no Reino Unido, a então jovem de 15 anos Shamima Begun e duas amigas receberam ajuda de um traficante de pessoas recrutado pelo Serviço de Inteligência de Segurança Canadense (CSIS, na sigla em inglês) para chegar à Síria devastada pela guerra.

Naquele momento, a polícia havia lançado uma busca internacional pelo trio.

Quando questionado sobre o caso em uma entrevista coletiva, Trudeau defendeu a necessidade de os serviços de inteligência serem "flexíveis e criativos em suas abordagens [...] em seu trabalho para manter seguros o Canadá e os canadenses em um mundo muito perigoso".

Ao mesmo tempo, afirmou que o CSIS deve cumprir com as leis canadenses e com suas "regras estritas" de conduta, e disse que esperava que essas regras "fossem respeitadas".

"Seguiremos garantindo uma supervisão adequada e, se for necessário, estudaremos outras medidas", acrescentou Trudeau

A reportagem do Times se baseia em um novo livro do jornalista Richard Kerbaj, intitulado "The Secret History of the Five Eyes" ("A história secreta dos Cinco Olhos", em tradução livre do inglês).

Segundo o livro, o CSIS teria recrutado o simpatizante do Estado Islâmico Mohamed al Rashed como agente duplo quando ele se apresentou na embaixada canadense na Jordânia em busca de asilo.

Tempos depois, Rashed foi preso na Turquia em posse de documentos de viagem que pertenciam a Begun e suas amigas.

O Canadá apenas admitiu em privado o seu envolvimento com Rashed e pediu ao Reino Unido que ajudasse a acobertá-lo, afirma Kerbak em seu livro.

Também afirma que o Canadá não poderia impedir a viagem das estudantes, pois elas já estavam na Síria quando o superior de Rashed foi informado sobre a situação.

Agora com 23 anos e destituída de sua cidadania britânica, Begun permanece em um acampamento de refugiados no norte da Síria, enquanto tramita um recurso no Reino Unido para reverter a perda da cidadania.

Já suas amigas Kadiza Sultana e Amira Abase teriam supostamente morrido em um ataque russo ou estariam desaparecidas.