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Estado de Minas SCHRIEVER

Louisiana realoja primeiros refugiados climáticos dos EUA


02/09/2022 14:58

"Não vejo a hora de me mudar, espero por este dia há uma eternidade!", afirma Joann Bourg diante de seu novo lar, a 60 km da ilha no sul dos Estados Unidos em que nasceu, um área que afunda gradualmente no Golfo do México.

Bourg está entre os muitos indígenas americanos de Isle de Jean Charles, no estado da Louisiana, que, no fim de agosto, receberam finalmente as chaves das casas construídas para eles em Schriever, no interior das terras cajun.

Estes são os primeiros beneficiários de uma ajuda federal para realojar os deslocados concedida a este estado em 2016. São, também, os primeiros refugiados climáticos dos Estados Unidos.

"A casa que tínhamos na ilha foi nosso lar desde sempre. Meus irmãos e eu crescemos lá, íamos para a escola lá", lembra Joann, cuja residência familiar ficou completamente destruída.

O lugar de onde tiveram que fugir, Isle de Jean Charles, tem apenas um quilômetro quadrado e é habitado por descendentes de diversas tribos ameríndias que se refugiaram lá para escapar da perseguição estatal no século XIX.

Mas o aquecimento global transformou a ilha em um símbolo do mal que devora a Louisiana: a erosão.

Este estado, afetado regularmente por furacões devastadores, vê há bastante tempo sua linha costeira retrocede de maneira inexorável.

- 90% do território submerso -

No total, foram construídas 37 casas novas em Schriever para abrigar 100 residentes e ex-residentes de Isle de Jean Charles, graças aos 48 milhões de dólares de ajuda federal.

"Trata-se do primeiro projeto deste tipo na história de nosso país", declarou o governador da Louisiana, o democrata John Bel Edwards, que compareceu à entrega das propriedades.

"Já tínhamos comprado casas para realojar pessoas. Mas nunca tínhamos feito isso com uma comunidade inteira devido à mudança climática", afirmou.

Desde a década de 1930, Isle de Jean Charles já perdeu 90% de sua superfície, segundo Alex Kolker, professor associado do Consórcio Marinho das Universidades da Louisiana.

A ilha já era frágil, e a mudança climática "a coloca em um perigo ainda maior", afirma o especialista, ao elencar que o nível do mar está subindo, o solo está afundando e a erosão é desenfreada. Além disso, a frequência e a intensidade de tempestades e furacões agravam o problema.

Esta área é "uma das mais vulneráveis da Louisiana", um estado que está entre os mais vulneráveis de todos os Estados Unidos, destaca Kolker.

Ao longo da única estrada de Isle de Jean Charles ainda é possível ver algumas casas, muitas das quais sobraram apenas as fundações.

No ano passado, o furacão Ida atingiu a ilha com muita força, arrasando parte do teto de Chris Brunet. O homem colocou um cartaz na parte externa de sua residência: "A mudança climática é uma merda."

Para este indígena de 57 anos, os furacões aterrorizadores não são nada comparados com a água do mar, que avança cada vez mais sobre o pântano.

"Muitas árvores morreram pela penetração de água salgada", lamenta.

Por muito tempo, Brunet se negou a deixar a ilha. "Ninguém queria!", exclamou. Contudo, acabou aceitando há alguns anos a ideia de mudança, defendida pelo chefe de sua tribo, os choctaws, convencido de que essa era a única maneira de preservar a população.


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