Jornal Estado de Minas

MÉXICO

Deputados mexicanos aprovam que Exército seja responsável pela Guarda Nacional

A Câmara dos Deputados do México aprovou neste sábado (3) uma polêmica reforma da Guarda Nacional, promovida pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, para que fique sob liderança do Exército, como parte de sua estratégia de combate ao crime organizado.



A iniciativa recebeu 265 votos a favor, duas abstenções e 212 contra de parlamentares da oposição que alegam que o presidente de esquerda está dando muito poder ao Exército. A medida foi enviada ao Senado para votação.

"O objetivo final não é militarizar o país ou instaurar o autoritarismo, mas cuidar, com a supervisão da Sedena (Secretaria de Defesa), para o crescimento saudável do que deveria ser a principal instituição de segurança pública do México", argumenta o projeto, de acordo com o comunicado da Câmara.

Criada em 2019 por López Obrador após uma reforma constitucional, a Guarda Nacional tem até agora por lei um comando civil que se reporta à Secretaria Cidadã. É composta por 115 mil oficiais do exército, da marinha e membros da antiga Polícia Federal.

O objetivo da alteração legislativa é "reforçar a consolidação institucional da Guarda Nacional como força policial permanente (...) sob o controle operacional e administrativo da Secretaria da Sedena", acrescenta o comunicado.

"Enganaram os mexicanos prometendo que os militares voltariam aos quartéis", disse o parlamentar Humberto Aguilar, do opositor Partido Ação Nacional (PAN). López Obrador "é o presidente mais militarista da história do país", acrescentou outro deputado do mesmo partido, Jorge Triana.



O presidente entregou o controle das alfândegas ao Exército em 2021. Uma das frases recorrentes do esquerdista é "o Exército é o povo fardado".

Com a reforma da Guarda Nacional, "veremos uma crescente violação dos direitos humanos", disse à AFP Erubiel Tirado, coordenador do diploma de segurança nacional, democracia e direitos Humanos da Universidade Iberoamericana.

O México está envolvido em uma espiral de violência ligada ao crime organizado que deixou cerca de 340 mil mortos desde 2006, quando aumentou a participação do Exército na estratégia contra o narcotráfico.

Grupos de direitos humanos como a Anistia Internacional atribuem parte dessa violência à "militarização" da política de segurança.