A intervenção da defesa de Cristina, de 69 anos, é esperada para o fim de setembro, ainda sem data marcada, pois as alegações se desenvolvem seguindo uma lista em ordem alfabética.
Cristina é acusada de favorecimento, quando era presidente, ao empresário Lázaro Báez na concessão de licitações para a realização de obras públicas na província de Santa Cruz (sul).
A audiência desta segunda estará dedicada às alegações de Héctor Garro, ex-diretor de obras públicas em Santa Cruz.
A promotoria pediu 12 anos de prisão e inabilitação perpétua do exercício de cargos públicos para Kirchner, sob a acusação dos crimes de associação ilícita e administração fraudulenta.
O Ministério Público estima em alguns bilhões de dólares o montante desviado do Estado.
Estima-se que o veredicto será emitido até o fim deste ano. A vice-presidente goza de foro privilegiado que a exime de ir para a prisão ou ficar inabilitada.
A etapa final deste processo judicial, iniciado em 2019, acontece em meio a um clima de crescente polarização política, agravado pelo atentado cometido contra a ex-presidente na noite de quinta-feira por um homem de 35 anos, perto de sua casa em Buenos Aires.
Fernando Sabag Montiel, nascido no Brasil, de pai chileno e mãe argentina, foi detido por apontar uma pistola contra a cabeça de Cristina, quando ela cumprimentava seus simpatizantes na rua. Apesar de homem ter apertado o gatilho duas vezes, a arma não disparou.
A Justiça ainda não conseguiu determinar se o agressor tem cúmplices ou se agiu sozinho. Também há investigações se houve alguma falha no esquema de segurança da vice-presidente.
Até o momento, Kirchner não fez nenhuma declaração.
A tentativa de assassinato foi imediatamente repudiada pelos principais nomes da política na Argentina. Na sexta-feira, uma enorme manifestação aconteceu em apoio a ex-presidente e em repúdio à violência.
Contudo, o acirramento das divisões entre o governismo e a oposição persistem. No sábado, ocorreu uma sessão tensa na Câmara dos Deputados que condenou o ataque, mas da qual a maior parte da oposição se ausentou após a assinatura do texto comum.
Neste domingo (4), o ex-presidente de centro-direita Mauricio Macri criticou os questionamentos de que os meios de comunicação estariam ajudando a incitar o clima de ódio no país.
"O próprio ministro do Interior estabeleceu um vínculo direto entre editoriais de jornais, rádio e televisão e o ataque a Cristina Kirchner. Esta atribuição é tão irracional como o próprio atentado, e pode colocar em perigo a vida de jornalistas, a integridade dos meios de comunicação independentes e da própria democracia", escreveu o ex-presidente.
BUENOS AIRES