Dois dias após o referendo constitucional, Boric se aproxima do centro político com nomes como Carolina Tohá, nomeada para a pasta do Interior, e Ana Lya Uriarte, como secretária-geral da Presidência. As duas ocuparam altos cargos nos governos da ex-presidente Michelle Bachelet (2006-2010; 2014-2018).
"Talvez seja, não preciso esconder, um dos momentos mais difíceis politicamente que tive que aceitar. E seguiremos em frente juntos pelos chilenos e pelo Chile", disse Boric após a mudança de gabinete, que segundo o presidente vai "dar maior coesão" ao governo.
Tohá assumiu como titular do Ministério do Interior, cargo já ocupado por seu pai, José Tohá, no governo de Salvador Allende (1970-1973).
Ele substitui a médica Izkia Siches após notórios erros cometidos durante seus seis meses no cargo, como ter acusado parlamentares do governo do ex-presidente Sebastián Piñera (2018-2022) de deportar e posteriormente devolver estrangeiros ao Chile em voos de expulsão.
Giorgio Jackson, amigo próximo do presidente Boric desde a universidade e parceiro de luta nos protestos estudantis de 2011, deixou a Secretaria-Geral da Presidência para assumir o Ministério de Desenvolvimento Social, do qual saiu Jeanette Vega após um controverso telefonema ao líder do o grupo radical mapuche Coordenadoria Arauco-Malleco (CAM), Héctor Llaitul, hoje preso.
No lugar de Jackson, foi nomeada Ana Lya Uriarte, ex-assessora no segundo governo Bachelet (2014-2018), que agora ficará responsável pelas relações entre o Executivo e o Congresso.
No Ministério da Saúde, Begoña Yarza deixou o cargo e Ximena Aguilera assumiu em seu lugar após críticas à gestão da pandemia realizada pela até então chefe da pasta.
Já no comando do Ministério das Ciências, saiu Flavio Salazar e entrou Silvia Díaz, que era diretora do Congresso Futuro, um fórum científico e de inovação.
O Ministério da Energia, por sua vez, ficou a cargo de Diego Pardow após a saída do titular Claudio Huepe.
Com as mudanças, o governo mantém a promessa de paridade de gênero no gabinete ministerial com 15 mulheres e 9 homens nos cargos.
SANTIAGO