A Califórnia e os estados vizinhos sofreram uma semana com temperaturas acima dos 40ºC, que provocaram incêndios e a ameaça diária de interrupções do serviço de energia elétrica, com o sistema à beira do colapso devido à alta demanda.
Mas a melhora do clima com a chegada de uma frente fria vinda do Canadá pode trazer seus próprios perigos, alertou o Serviço Nacional de Meteorologia.
"Esta frente fria fomentará durante o dia rajadas de vento em todo o norte da Grande Bacia e o norte das Altas Planícies. Combinadas com uma umidade relativamente baixa, estas condições poderiam ser potencialmente propícias para desatar novos incêndios e espalhar os já existentes de forma incontrolável", advertiu o serviço.
O Centro de Previsão de Tempestades "emitiu um alerta de área extremamente crítica ao fogo na região centro-norte de Montana, onde os ventos podem alcançar 95 quilômetros por hora".
Vários incêndios florestais avançam no oeste dos Estados Unidos. Dois deles começaram no fim de semana.
O incêndio Mill, no norte da Califórnia, causou a morte de duas pessoas e destruiu mais de cem propriedades, ao consumir 1.600 hectares do condado de Siskiyou.
A sudeste de Los Angeles, o incêndio Fairview, iniciado na segunda-feira e ainda fora de controle, já consumiu mais de 2.800 hectares, disseram as autoridades nesta quarta.
Duas pessoas morreram tentando fugir deste incêndio e mais de mil moradores receberam ordens de evacuação. Apesar de dezenas de agentes terem sido enviados para informar de porta em porta sobre o avanço do fogo, nem todos os moradores seguiram as advertências, informou a delegacia do condado Riverside.
"Pensávamos que mais gente levaria isto a sério", disse Brandi Swan, porta-voz da delegacia, ao jornal Los Angeles Times. "Move-se tão rápido e é por isso que tratamos e definimos uma área de evacuação tão grande, porque a mudança de direção dos ventos e o clima são imprevisíveis, o fogo se move rápido", acrescentou.
O chefe do departamento local dos bombeiros, Josh Janssen, disse que vão trabalhar com mais força ainda depois de um dia difícil, no qual viram o fogo "superar nossos esforços".
As chamas continuam se propagando "com o incêndio ameaçando várias comunidades em todas as direções".
- Flagelo meteorológico -
Mais de duas décadas de seca deixaram o oeste dos Estados Unidos ressequido e vulnerável às chamas que avançam rapidamente e ardem de forma mais destrutiva e feroz.
Os cientistas alertam que o aquecimento global está alterando os padrões climáticos, tornando-os mais extremos.
Este tipo de flagelo meteorológico, que segundo os especialistas é cada vez mais frequente, poderia ser observado ao final desta semana, pois os prognósticos antecipam que a onda de calor no sudoeste poderiam dar lugar a chuvas torrenciais.
Enquanto se espera que a quarta e a quinta-feira continuem com temperaturas elevadas em várias regiões, chegando, inclusive, a 43ºC, um furacão proveniente da costa pacífica do México pode trazer até 150 milímetros de chuva a algumas regiões do Arizona e da Califórnia.
"Este volume de chuvas pode causar inundações repentinas, particularmente em locais com escombros de incêndios recentes", advertiu o serviço meteorológico.
As temperaturas elevadas pressionam fortemente o sistema elétrico da Califórnia, com uma demanda recorde para refrescar as residências.
Na terça, o California ISO, instância encarregada de supervisionar o sistema elétrico alertaram para a possibilidade de iniciar cortes aleatórios de energia para evitar o colapso da rede, emitindo, assim, um chamado de emergência à economia de eletricidade, com o aumento da temperatura dos aparelhos de ar condicionado e o desligamento de luzes desnecessárias.
Nesta quarta, a entidade voltou a pedir que se continue economizando energia.
"A emergência foi declarada para ajudar a manter a rede e garantir mais recursos e urge que os consumidores diminuam a demanda no sistema. O estado e boa parte do oeste estão sofrendo uma onda de calor historicamente longa, que bate recordes de temperatura, impactando a capacidade elétrica" disse o California ISO.
O estado tem várias instalações de energia solar, inclusive residenciais, que atendem a um terço da demanda durante o dia. Mas quando o sol se põe, o peso recai na rede elétrica, pois à noite as temperaturas continuam elevadas.
HEMET