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Estado de Minas NAÇÕES UNIDAS

ONU: desenvolvimento da humanidade recua cinco anos por covid e outras crises


08/09/2022 06:13

Uma série de crises sem precedentes, principalmente a pandemia de covid-19, provocou um retrocesso de cinco anos no progresso da humanidade e potencializou uma onda global de incerteza, afirma um relatório da ONU divulgado nesta quinta-feira (8).

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) afirma que o Índice de Desenvolvimento Humano caiu de maneira consecutiva em dois anos, 2020 e 2021, pela primeira vez desde sua criação há 30 anos.

Este índice mede a expectativa de vida, o nível de educação e o parâmetro de vida dos países.

"Isto significa que morremos mais cedo, estamos menos educados, nossas rendas estão em queda", disse o diretor do PNUD, Achim Steiner, em entrevista à AFP.

"Apenas sob três parâmetros, você pode ter uma ideia de por que tantas pessoas estão começando a se sentir desesperadas, frustradas, preocupadas com o futuro", explicou.

O Índice de Desenvolvimento avançou de forma sustentável durante anos, mas começou a cair em 2020 e prosseguiu com a queda em 2021, "apagando as conquistas dos cinco anos anteriores", afirma o relatório que tem o título "Tempos incertos, vidas instáveis".

O documento aponta a pandemia de covid-19 como um dos principais motivos do retrocesso mundial, além de várias crises - políticas, econômicas e ambientais - que não deram tempo de recuperação para várias populações.

"Nós já tivemos desastres antes. Já tivemos conflitos antes. Mas a confluência do que estamos enfrentando agora é um grande revés para o desenvolvimento humano", disse Steiner.

O retrocesso é global, afetando mais de 90% dos países do mundo, segundo o estudo.

Suíça, Noruega e Islândia permanecem no topo da lista de Desenvolvimento Humano, enquanto Sudão do Sul, Chade e Níger aparecem nos últimos lugares.

E enquanto alguns países começaram a recuperação da pandemia, muitas nações na América Latina, África subsaariana, sul da Ásia e Caribe ainda não haviam se recuperado quando surgiu uma nova crise: a guerra na Ucrânia.

- "Sem precedentes" -

Embora as consequências da invasão russa da Ucrânia para os alimentos e a segurança energética não tenham sido calculadas até o momento no índice deste ano, "sem nenhuma dúvida as perspectivas para 2022 são sombrias", disse Steiner.

Um fator que contribui consideravelmente para a recente queda do Índice de Desenvolvimento Humano é a redução global da expectativa de vida, que passou de 73 anos em 2019 para 71,4 anos em 2021.

O principal autor do relatório, Pedro Conceição, descreveu a redução como "um choque sem precedentes", recordando que alguns países, incluindo os Estados Unidos, registraram quedas de dois anos ou mais.

O relatório também descreve como as forças de transformação, como as mudanças climáticas, a globalização e a polarização política, apresentam um nível complexo de incerteza "nunca visto na história da humanidade", o que provoca sentimentos crescentes de insegurança.

"As pessoas perderam a confiança umas nas outras", disse Steiner.

"Sem contar com as instituições, nosso vizinho agora se torna às vezes a maior ameaça, seja falando literalmente da comunidade ou globalmente pelas nações. Isto é algo que está nos paralisando".

"Não podemos continuar com a cartilha do século passado", argumentou Steiner, que prefere deixar o foco para a transformação econômica, em vez da confiança no crescimento como uma panaceia.

"Falando francamente, as transformações que precisamos agora exigem que adotemos as métricas do futuro: baixas emissões de carbono, menos desigualdade, maior sustentabilidade".

O relatório apresenta uma nota positiva ao afirmar que os avanços podem ser conquistados com o foco em três áreas principais: investimentos em energia renovável e preparação para futuras pandemias, seguros para absorver os impactos e inovações para fortalecer a capacidade para lidar com futuras crise.

Steiner também pediu uma reversão na recente tendência de queda na ajuda ao desenvolvimento dos países mais vulneráveis.

Continuar por este caminho seria um "erro grave", afirmou o diretor do PNUD, e "subestima o impacto que isso tem em nossa capacidade de trabalhar juntos como nações".


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