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Estado de Minas SIVERSK

Os últimos habitantes de Siversk entre o fogo cruzado russo e ucraniano


08/09/2022 09:27

Do lado oeste, o exército ucraniano não para de bombardear as posições russas. E do lado leste, as forças russas respondem das colinas.

No meio do duelo de artilharia inimiga, os últimos habitantes de Siversk vivem no limite.

A cidade, localizada no Donbass e sob controle ucraniano, tinha cerca de 11.000 habitantes antes do início da invasão russa em fevereiro.

Agora há cerca de 2.000, a maioria idosos que dizem não ter para onde ir.

Vivem sob bombas desde o início de julho, quando o Exército russo se dirigiu a esta cidade, sem conseguir conquistá-la, depois de tomar a grande cidade vizinha de Lisichansk.

"Vivo neste delírio. Caminhando permanentemente sobre uma linha entre a vida e a morte", diz Alla, uma mulher de 55 anos que não quis dar seu sobrenome, à AFP.

Na estrada em frente a sua casa, Alla atua como porta-voz de seus vizinhos, cerca de dez pessoas do bairro.

"Vivemos no porão. Não recebemos ajuda humanitária. Temos medo de ir à horta. Não temos nada para colher, nem eletricidade ou água", explica.

"Psicologicamente é muito difícil passar por isso, quando todos os dias e todas as noites há explosões constantes", conta, sob os olhares de aprovação dos vizinhos.

Enquanto Alla fala, vários tiros são ouvidos.

Os ucranianos estão atirando, e os russos não demoram a responder.

Viktor Markov, de 55 anos, mostra um foguete que caiu recentemente em uma casa vazia no bairro.

Com três metros de comprimento, o foguete atravessou o teto e o piso antes de se fincar na terra batida do porão. Por sorte não explodiu.

- Perigo diário -

"Eu servi no exército soviético e fui a lugares difíceis, mas nunca vi nada assim", diz Markov, que explica não saber se os tiros vêm dos ucranianos ou dos russos.

Em outra parte da cidade, cujo flanco leste é controlado por unidades ucranianas, metade das casas foi reduzida a escombros.

Lá mora Tetiana Deinega, 90 anos, que colhe algumas ervas na frente de sua casa sem prestar atenção ao rugido dos canhões.

A senhora afirma que está esperando que seus filhos, que estão na Rússia, venham buscá-la.

"Quando eles forem autorizados a vir, eu irei. Sem eles não vou a lugar nenhum", declarou à AFP, assegurando que não está sozinha e que seus vizinhos cuidam dela.

Em sua casa, a maioria das janelas foram arrancadas pelas explosões.

Se os filhos não vierem, diz que vai ficar, porque "é o país onde nasci".

"É a Ucrânia, nossa Ucrânia, onde nascemos. Boa ou ruim, é nossa".

Quanto ao perigo diário, relativiza-o enfaticamente: "Talvez eu me deite hoje e não acorde amanhã".

A cerca de 15 km, a situação é mais calma, apesar da frente não estar longe.

Valentina, uma mulher de 72 anos que vive na aldeia de Kaleniki, não tem eletricidade e tem um poço para se abastecer de água.

A cidade está intacta, mas a angústia é a mesma.

"Não vejo um grande futuro à nossa frente. Só podemos pensar no futuro quando tudo isso acabar."


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