Monarca constitucional, chefe de Estado com um papel cerimonial e estritamente apolítica, a rainha nomeava o primeiro-ministro e assinava formalmente as leis aprovadas pelo Parlamento (desde 1708, o consentimento real nunca foi negado) e as nomeações oficiais.
Entre as funções da rainha, estava abrir oficialmente a sessão anual do Parlamento, em Londres. Tradicionalmente vestida com a pesada coroa imperial e um manto de arminho, Elizabeth II lia um discurso, escrito por terceiros, que apresentava a futura política do governo.
A monarca, que, por convenção, não votava, reuniu-se quase semanalmente com os 15 primeiros-ministros que se sucederam durante seu reinado, exceto com Liz Truss, que nomeou na última terça-feira. Eram encontros confidenciais organizados no Palácio de Buckingham para discutir os assuntos do momento, durante os quais podia "aconselhar e alertar". A monarca, no entanto, nunca pode se opor às decisões do primeiro-ministro.
- Dezenas de voltas ao mundo -
A rainha também era chefe das Forças Armadas, governadora suprema da Igreja Anglicana e chefe da Comunidade das Nações (Commonwealth).
Última soberana imperial e viajante incansável, Elizabeth II viajou para 117 países durante seu reinado e fez mais de 180 visitas a nações da Commonwealth, onde era rainha em 14 delas.
No total, Elizabeth II viajou 42 vezes ao redor do mundo para garantir a influência da Coroa britânica, segundo um cálculo do "Daily Telegraph". Ela parou de fazer viagens internacionais em novembro de 2015, aos 89 anos.
Durante seu reinado, a rainha recebeu 112 visitas oficiais ao Reino Unido e deu inúmeras audiências aos novos embaixadores para receberem suas credenciais.
Até a pandemia de Covid-19, Elizabeth II recebia cerca de 140 mil pessoas por ano, entre festas no jardim, recepções, jantares, almoços e entregas de medalha, segundo seu balanço financeiro de 2020-2021. Também era popular a tradicional mensagem de Natal que a rainha escrevia em grande parte, exibida pela TV por 64 anos.
O dia a dia de Elizabeth II era uma rotina de estudo dos expedientes governamentais, entrega de prêmios, recepções e inaugurações de todos os tipos. A partir da pandemia, ela dividiu seu tempo entre os castelos de Windsor, perto de Londres; de Balmoral, na Escócia (no verão); e a residência de Sandringham, ao norte de Londres (nas férias de fim do ano).
Segundo Bob Morris, historiador da monarquia, o papel mais importante da rainha era "a imparcialidade", com a qual era intransigente, sem deixar transparecer suas opiniões, decidida a ser o símbolo da unidade e do orgulho nacionais e garante das tradições. Essa determinação, combinada com seu senso de dever, fez com que ela se mantivesse imensamente popular até o fim.