Steve Bannon, ex-assessor do ex-presidente americano Donald Trump, foi acusado nesta quinta-feira (8) de lavagem de dinheiro e fraude pelo suposto desvio de milhões de dólares doados para a construção de um muro entre os Estados Unidos e o México.
Mesmo antes de comparecer pela manhã ao escritório do procurador do Estado de Nova York para o Distrito de Manhattan, Alvin Bragg, Bannon - vestido de preto, com barba e cabelos grisalhos - havia denunciado em um comunicado à imprensa "acusações falsas contra (ele) 60 dias antes das eleições legislativas" de 8 de novembro entre a oposição republicana e a maioria democrata.
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Este é o valor estimado da "fraude" contra "milhares de doadores em todo o país" que acreditaram em "falsas promessas", de acordo com um comunicado dos promotores de Nova York.
- "Inocente" -
O muro foi uma promessa de campanha de Trump, eleito presidente em novembro de 2016, e, de acordo com a promotora Letitia James, Bannon foi "o arquiteto" do plano.
"Então, quando o Sr. Bannon criou uma estrutura de arrecadação de fundos para financiar a construção deste muro, milhões de dólares foram roubados para encher seus bolsos e os de outros amigos politicamente próximos", observou a promotora.
Segundo a emissora CNN, que citou o advogado de Bannon, Robert Costello, o ex-assessor de Trump irá se declarar "inocente" quando comparecer diante de um juiz nesta quinta-feira.
Figura do populismo de direita nos Estados Unidos, Bannon, 68 anos, deve seus problemas legais ao mesmo caso que lhe rendeu uma primeira acusação em 2020 por fraude perante a justiça federal dos Estados Unidos.
O ex-assessor da Casa Branca chegou a ser preso em agosto de 2020, acusado de fraudar parte dos milhões de dólares em doações recebidas para construir um muro entre os Estados Unidos e México.
Bannon, no entanto, nunca foi julgado porque foi indultado por Trump em 20 de janeiro de 2021, horas antes do magnata deixar a Casa Branca após a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais.
- Próximo a Trump -
Essa acusação criminal ocorre seis semanas depois que Bannon foi condenado em um tribunal federal em Washington por obstruir as investigações do Congresso.
Ele se recusou a cooperar com o comitê da Câmara que investiga o ataque ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021, realizado por apoiadores de Trump que contestaram a vitória eleitoral de Biden.
Depois de deixar a Casa Branca em agosto de 2017, Bannon permaneceu próximo a Trump, tendo conversado com o então presidente um dia antes dos confrontos do Capitólio.
O clima político nos Estados Unidos está cada vez mais tenso, dois meses antes das eleições legislativas de meio de mandato e dois anos antes das eleições presidenciais de novembro de 2024, nas quais Trump cogita concorrer novamente.
Mas o bilionário republicano é alvo de uma série de investigações criminais e civis, incluindo pelas tentativas de anular os resultados das eleições presidenciais de novembro de 2020 e por seu papel no ataque ao Capitólio.
Em um comício de campanha na Pensilvânia no sábado, Trump chamou Biden de "inimigo do Estado", em resposta ao seu sucessor democrata, que o descreveu na semana passada como uma ameaça "à república", à democracia e "à alma dos Estados Unidos".