As últimas horas de Elizabeth II, que morreu aos 96 anos, começaram com um breve e preocupante comunicado e uma viagem de seus filhos e netos ao seu leito de morte na Escócia, ao qual aparentemente alguns não chegaram a tempo.
Às 12h32 (08h32 no horário de Brasília) de quinta-feira, um boletim médico incomum divulgado pelo Palácio de Buckingham anunciava que a rainha estava sob "supervisão médica", mas que permanecia "confortável" em sua residência de verão na Escócia, o castelo de Balmoral.
O anúncio provocou comoção no Parlamento, onde os deputados se reuniram para ouvir a nova primeira-ministra Liz Truss apresentar suas medidas bilionárias contra a crise energética que abala o país.
Em poucos minutos, o gabinete do herdeiro, o príncipe Charles, anunciou que ele e sua esposa Camilla, que já estavam hospedados em outra casa no grande domínio real de Balmoral, haviam chegado ao castelo.
Parece que a filha da rainha, Anne, também chegou a tempo, pois também estava na Escócia. Ambos estariam com a mãe quando ela morreu à tarde.
Outros membros da família, no entanto, tiveram que fazer uma longa viagem de Londres, 800 quilômetros mais ao sul, que acabou sendo infrutífera.
Seu neto príncipe William, os outros dois filhos da rainha Andrew e Edward, e a esposa deste, Sophie, que era especialmente próxima da monarca, chegaram em uma gélida e cinza Aberdeen a bordo de um avião especial das Forças Aéreas.
William então dirigiu um carro por 80 quilômetros entre essa cidade do norte da Escócia e Balmoral. Mas quando ele e seus familiares atravessaram a porta da residência, pouco depois das 17h00, já era tarde demais.
Meia hora antes, a primeira-ministra havia sido informada de que a rainha tinha morrido.
O príncipe Harry, filho caçula de Charles, ainda estava a caminho, saindo de Londres.
Os primeiros anúncios iniciais do porta-voz do casal afirmaram que Harry viajaria para Balmoral junto de sua esposa Meghan. Apesar de viverem na Califórnia desde que abandonaram a monarquia em 2020, estavam na capital britânica esta semana para participar de eventos beneficentes.
No final, Harry fez a viagem sozinho e ainda estava no avião quando, às 18h30, o mundo recebeu o anúncio oficial da morte da rainha.
O correspondente real da BBC, Nicholas Witchell, especulou ao vivo a possibilidade de Meghan - que fez duras críticas à família real - não ter feito a viagem por medo de "não ser recebida com muito carinho".
O comunicado do palácio disse que a rainha morreu "em paz", mas, conforme a tradição, não deu detalhes.
A rainha, que vinha reduzindo sua agenda há meses em meio a crescentes problemas de saúde, teve pouca atividade nos últimos meses, mas na terça-feira ela recebeu o primeiro-ministro demissionário, Boris Johnson, e depois sua sucessora Liz Truss, a quem ela encarregou de formar um governo como a nova líder da maioria conservadora.
Segundo fontes citadas pelo jornal Daily Mail, sua saúde mudou repentinamente na noite de quarta-feira.