Charles III foi oficialmente proclamado o novo monarca do Reino Unido neste sábado (10), abrindo uma nova era na história de um país que se prepara para se despedir de Elizabeth II, sua guia e símbolo de estabilidade por sete décadas.
Em uma cerimônia solene televisionada do Palácio de Saint-James em Londres, na presença de seu herdeiro William, da rainha consorte Camilla, da primeira-ministra Liz Truss e seus antecessores vivos, o Conselho da Ascensão assinou e anunciou a proclamação do novo rei.
Galeria de fotos da proclamação de Charles III rei
"O príncipe Charles Philip Arthur George se torna agora, pela morte de nossa soberana de feliz memória, o nosso rei Charles III... Deus salve o rei!", proclamou o conselho antes que o próprio monarca fosse chamado à sala.
"O reinado da minha mãe foi inigualável pela sua duração, dedicação e devoção (...) Estou profundamente consciente desta grande herança e dos deveres e pesadas responsabilidades da soberania, que agora me são transmitidos", declarou o novo monarca.
No seu primeiro discurso televisionado como Charles III, o novo monarca elogiou na sexta-feira a sua "amada mãe", uma "modelo" e uma "inspiração" sempre "ao serviço do povo".
"Hoje renovo a todos vocês essa promessa de serviço ao longo da vida", enfatizou, visivelmente emocionado.
O eterno príncipe de Gales sucedeu automaticamente a Elizabeth II na quinta-feira, após sua morte aos 96 anos em seu castelo escocês de Balmoral depois de sete décadas de reinado, comovendo o Reino Unido, a Commonwealth e o mundo.
Durante uma missa na sexta-feira na catedral de St Paul, em Londres, o hino britânico foi cantado com uma letra modificada, "God save the King", pela primeira vez em 70 anos.
Após a cerimônia, a proclamação foi lida ao público de uma varanda do palácio Saint-James e em outros pontos de referência em Londres.
Depois, os membros do Parlamento - deputados e lordes - jurarão fidelidade ao monarca e expressarão suas condolências.
À tarde, Charles III voltará a receber Truss e os principais membros do seu executivo, recentemente nomeados na terça-feira.
- Futuro complicado -
Nenhum soberano britânico esperou tanto tempo para assumir o trono e Charles III terá que esperar um pouco mais pela cerimônia de coroação, cuja data ninguém pensa ainda: sua própria mãe esperou mais de um ano para se tornar rainha.
Os retratos de Charles cobriam todas as primeiras páginas da imprensa neste sábado.
"Deus Salve o Rei", era a manchete do Times. Vários jornais acrescentaram uma frase do novo monarca: "Vou me esforçar para servir com lealdade, respeito e amor".
O The Sun publicou uma foto de mãe e filho com as palavras: "Para minha mãe amorosa, obrigado".
Após a enorme popularidade de Elizabeth II, a ascensão de Charles III, menos apreciado pela opinião pública, abre um período delicado para uma monarquia que enfrenta múltiplos desafios, desde o desejo de alguns países da Commonwealth de se distanciar até as críticas ao seu passado colonial e escravista.
Além disso, o Reino Unido enfrenta sua pior crise econômica em 40 anos e viu quatro primeiros-ministros passarem em seis anos.
As divisões correm por todo o país sobre o Brexit e sobre os desejos de independência na Escócia e na Irlanda do Norte.
Mas, aplaudido por milhares de pessoas em sua chegada ao palácio na sexta-feira, o novo rei pode estar começando a conquistar o coração de alguns britânicos.
- "Perda de um ícone" -
Ao mesmo tempo, na Escócia, sua capital Edimburgo se prepara para as primeiras homenagens públicas ao caixão da rainha Elizabeth II, que morreu enquanto passava o verão lá.
"Ela é a única rainha que já conhecemos", disse à AFP Jason Viloria, administrador americano de 45 anos cujo filho estuda em Edimburgo.
"Para nós, é a perda de um ícone", de "uma figura histórica".
No domingo, o caixão da rainha será transferido do Castelo de Balmoral para o Palácio de Holyroodhouse em Edimburgo, a residência oficial dos monarcas na Escócia, e um dia depois para a vizinha Catedral de St. Giles.
A sua última viagem a Londres está marcada para terça-feira de avião para vários dias de homenagem pública e um funeral de Estado, em data a definir, na Abadia de Westminster com dignitários de todo o mundo, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.