Ícone de uma era, Elizabeth II, que faleceu após um reinado de 70 anos, recebeu nesta segunda-feira (19) um último adeus em um imponente funeral de Estado, na presença de governantes de todo o mundo, antes de ser enterrada em uma cerimônia privada em Windsor.
Durante o sermão na Abadia de Westminster, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, elogiou a vida da rainha, dedicada durante sete décadas a seu povo.
Leia Mais
Lojas fechadas e 'pubs' abertos para o funeral de Elizabeth IIElizabeth II e Victoria, dois reinados similares para a históriaFuneral da rainha Elizabeth II terá 13 horas de duração; veja detalhesPrimeira-ministra britânica Liz Truss anuncia renúnciaO Coral da Abadia de Westminster e o Coral da Capela Real entoaram seus cânticos para os quase 2.000 participantes, incluindo centenas de governantes e monarcas do mundo, do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, passando pelo rei da Espanha, Felipe VI, ao imperador do Japão, Naruhito.
Na parte final da cerimônia, todo o país respeitou dois minutos de silêncio, das ruas aos parques, incluindo os pubs, onde muitos acompanharam a cerimônia pela televisão.
O funeral de Estado terminou com o hino nacional, "Deus salve o Rei", cantado em homenagem ao novo monarca Charles III.
Em seguida o rei acompanhou a pé, com os irmãos Anne, Andrew e Edward, além dos filhos William e Harry, a saída do caixão, coberto com a bandeira da monarquia, a coroa imperial, o cetro e o orbe, por uma procissão de quase dois quilômetros no centro de Londres.
O caixão foi transportado em uma carreta da Royal Navy (Marinha Real) que, ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin, seguiu acompanhada por militares até o Arco de Wellington, no Hyde Park Corner.
Bisnetos da monarca, o príncipe George, de 9 anos, segundo na linha de sucessão, e sua irmã Charlotte, de 7 anos, seguiram o cortejo no primeiro de vários automóveis oficiais, ao lado de sua mãe Catherine e da nova rainha consorte, Camilla.
O terceiro filho dos príncipes de Gales, Louis, de 4 anos, não compareceu à cerimônia.
Ao final da procissão, o corpo de Elizabeth II foi levado a um carro fúnebre para o transporte até Windsor, 40 km ao oeste da capital e onde fica o famoso castelo de mesmo nome que será a última morada da rainha.
- Multidão nas ruas -
Na véspera do funeral, o Palácio de Buckingham divulgou uma foto inédita de Elizabeth II, muito sorridente, feita para o "jubileu de platina" em junho.
Elizabeth II faleceu em 8 de setembro aos 96 anos, quando estava em sua residência escocesa de Balmoral.
O estado de saúde da rainha era delicado há um ano, mas o falecimento da monarca, com uma presença que parecia eterna, provocou grande comoção no país e no mundo.
O Reino Unido a homenageou com 10 dias de luto nacional, cortejos e procissões. A emoção popular tornou quase imperceptíveis os protestos da minoria de republicanos.
Seu filho mais velho, de 73 anos, a sucedeu como Charles III. Até então um dos membros menos apreciados da família real britânica, sua popularidade subiu nos últimos dias.
A Abadia de Westminster não tinha espaço suficiente para a multidão de britânicos que desejavam acompanhar a rainha até o fim.
Milhares de pessoas aguardaram desde as primeiras horas da manhã no Mall, a famosa avenida que leva ao Palácio de Buckingham, para acompanhar a passagem do cortejo após o funeral de Estado.
"É uma emoção que não pode ser descrita, observar a passagem do caixão da rainha", declarou à AFP Maryann Douglas, enfermeira aposentada de 77 anos. "Foi melhor do que eu esperava, tive lágrimas e senti calafrios", disse.
- Reunida com os pais e o marido -
Símbolo de uma era de grandes mudanças, Elizabeth II assumiu o trono em 1952, em um Reino Unido ainda abalado pelo pós-guerra, e faleceu em 2022, no pós-pandemia e Brexit.
Ela conheceu 15 primeiros-ministros, de Winston Churchill à atual Liz Truss, assim como figuras históricas que incluem o soviético Nikita Khrushchev, a madre Teresa de Calcutá e o sul-africano Nelson Mandela.
Em Windsor, o caixão será levado para a Capela de St. George. Nesta igreja do século XV, conhecida por ter sido cenário dos últimos casamentos reais, será organizada mais uma cerimônia religiosa com 800 convidados, incluindo funcionários que trabalhavam para a rainha.
No local, a corona, o orbe e o cetro, símbolos da monarquia, serão retirados do caixão e colocados sobre o altar. O funcionário de maior alto escalão da Casa Real, Lorde Chamberlain, quebrará sua "vara de comando" e a colocará sobre o caixão, simbolizando o fim do reinado de Elizabeth II.
Depois, em uma última cerimônia privada, reservada aos familiares mais próximos, a rainha será sepultada no "Memorial George VI", um anexo onde foram enterrados seus pais e as cinzas de sua irmã Margaret.
O caixão de seu marido, o príncipe Philip, será enterrado ao lado dela, depois de ser transferido da cripta real, onde está desde sua morte em abril de 2021.