Nove anos depois do acidente de trem de Santiago de Compostela, que deixou 80 mortos, a Justiça espanhola começou a analisar nesta quarta-feira (5) as falhas que levaram a este terrível drama ferroviário, em um megaprocesso para tentar reparar a "dor insuportável" das vítimas e familiares.
Os familiares das vítimas, alguns com uma expressão séria e outros sem conseguir conter as lágrimas, se instalaram em uma sala da Cidade da Cultura da capital de Galiza (noroeste), transformada excepcionalmente em tribunal para receber a grande quantidade de pessoas presentes.
"Estamos cansados, tristes e com raiva, com vontade de que todo esse período acabe, esse pesadelo. Esperamos uma reparação, que saibamos finalmente tudo o que deu errado", explicou à AFP María Ángeles Prado, que perdeu sua filha de 21 anos e sua sobrinha no acidente.
"Elas iam ver os fogos de artifício. Falei para minha filha: 'vá de trem, não vá de carro', achando que era mais seguro", conta essa senhora de 60 anos com a voz embargada, ao mencionar um "processo de luto muito difícil", cheio de "angústia" e uma "dor insuportável".
"Se o maquinista tivesse feito bem o seu trabalho, minha filha e sua prima estariam vivas, isso é indiscutível. Mas ele poderia estar tonto, poderia estar doente", afirma. "Não se pode colocar um trem de alta velocidade com 300 pessoas na responsabilidade de um único homem", denuncia.
- "Risco previsível" -
Em 24 de julho de 2013, o trem de alta velocidade Alvia 04155 de Madri descarrilou brutalmente pouco antes de chegar a Santiago de Compostela, colidindo com um muro de concreto a quatro quilômetros da cidade.
O acidente causou a morte de 80 pessoas, entre elas 68 espanhóis, além de vários europeus, latino-americanos e norte-americanos. Mais de 140 passageiros ficaram feridos.
A investigação não demorou a revelar que o trem circulava a uma velocidade excessiva: o trem de Renfe, a companhia ferroviária espanhola, circulava a 179 no momento do acidente, muito acima do limite de 80 para aquele trecho.
O maquinista, Francisco Garzón, que estava ao telefone com o controlador do trem pouco antes do acidente, cometeu "imprudência" e "negligência", segundo os magistrados de investigação, que decidiram acusar este homem de 52 anos de homicídio por grave negligência profissional.
Será julgado junto com Andrés Cortabitarte, ex-diretor de segurança de trânsito da Adif - a administradora da rede ferroviária espanhola -, acusado de não ter feito uma análise de risco na curva do acidente, que não contava com sistemas de sinalização, de alerta e de freio automático.
"Havia um risco previsível" que poderia ter sido considerado, estimaram os juízes.
A Promotoria solicita quatro anos de prisão para cada um, enquanto os danos e prejuízos reivindicados pelas vítimas, que serão discutidos durante o processo, chegam a quase 58 milhões de euros (cerca de 57,8 milhões de dólares).
Os familiares das vítimas, alguns com uma expressão séria e outros sem conseguir conter as lágrimas, se instalaram em uma sala da Cidade da Cultura da capital de Galiza (noroeste), transformada excepcionalmente em tribunal para receber a grande quantidade de pessoas presentes.
"Estamos cansados, tristes e com raiva, com vontade de que todo esse período acabe, esse pesadelo. Esperamos uma reparação, que saibamos finalmente tudo o que deu errado", explicou à AFP María Ángeles Prado, que perdeu sua filha de 21 anos e sua sobrinha no acidente.
"Elas iam ver os fogos de artifício. Falei para minha filha: 'vá de trem, não vá de carro', achando que era mais seguro", conta essa senhora de 60 anos com a voz embargada, ao mencionar um "processo de luto muito difícil", cheio de "angústia" e uma "dor insuportável".
"Se o maquinista tivesse feito bem o seu trabalho, minha filha e sua prima estariam vivas, isso é indiscutível. Mas ele poderia estar tonto, poderia estar doente", afirma. "Não se pode colocar um trem de alta velocidade com 300 pessoas na responsabilidade de um único homem", denuncia.
- "Risco previsível" -
Em 24 de julho de 2013, o trem de alta velocidade Alvia 04155 de Madri descarrilou brutalmente pouco antes de chegar a Santiago de Compostela, colidindo com um muro de concreto a quatro quilômetros da cidade.
O acidente causou a morte de 80 pessoas, entre elas 68 espanhóis, além de vários europeus, latino-americanos e norte-americanos. Mais de 140 passageiros ficaram feridos.
A investigação não demorou a revelar que o trem circulava a uma velocidade excessiva: o trem de Renfe, a companhia ferroviária espanhola, circulava a 179 no momento do acidente, muito acima do limite de 80 para aquele trecho.
O maquinista, Francisco Garzón, que estava ao telefone com o controlador do trem pouco antes do acidente, cometeu "imprudência" e "negligência", segundo os magistrados de investigação, que decidiram acusar este homem de 52 anos de homicídio por grave negligência profissional.
Será julgado junto com Andrés Cortabitarte, ex-diretor de segurança de trânsito da Adif - a administradora da rede ferroviária espanhola -, acusado de não ter feito uma análise de risco na curva do acidente, que não contava com sistemas de sinalização, de alerta e de freio automático.
"Havia um risco previsível" que poderia ter sido considerado, estimaram os juízes.
A Promotoria solicita quatro anos de prisão para cada um, enquanto os danos e prejuízos reivindicados pelas vítimas, que serão discutidos durante o processo, chegam a quase 58 milhões de euros (cerca de 57,8 milhões de dólares).