O ex-assessor de Donald Trump, Steve Bannon, foi condenado a quatro meses de prisão por se recusar a cooperar com os legisladores que investigavam o ataque ao Capitólio dos EUA.
O ex-estrategista-chefe da Casa Branca foi apontado como "um conselheiro não oficial" do ex-presidente americano no momento da insurreição, no dia 6 de janeiro de 2021.
Na audiência de sentença, nesta sexta-feira (21/10) o juiz distrital dos EUA Carl Nichols também ordenou que Bannon pague uma multa de US$ 6.500 (aproximadamente R$ 34 mil).
- Estrategista de Trump e aliado de Bolsonaro, Steve Bannon se diz 'fascinado' por Lula
- Steve Bannon, ex-assessor de Trump, é condenado por desacato ao Congresso
Ainda cabe recurso e o ex-assessor deve aguardar em liberdade o fim do processo. Ele nega as acusações.
"Apresentaremos um recurso forte", disse do lado de fora do tribunal em Washington D.C., após ouvir a sentença.
O estrategista já havia sido condenado por uma corte em julho por duas acusações de desacato ao Congresso por não fornecer documentos ou testemunhos que poderiam ajudar nas investigações da invasão ao Capitólio.
O comitê da Câmara dos Deputados que investiga o caso emitiu uma intimação legal a Bannon em setembro de 2021. O painel acredita que ele estava envolvido nos esforços dos apoiadores de Trump para invadir o Congresso e contestar o resultado das eleições presidenciais de novembro de 2020 que elegeram Joe Biden.
O Departamento de Justiça havia pedido uma sentença de seis meses de prisão e US$ 200 mil de multa, mas o juiz optou por uma pena menor.
Depois de anunciar a sentença, Carl Nichols afirmou ao tribunal que não acredita que Bannon tenha assumido responsabilidade por suas ações.
"O respeito ao nosso Congresso é, obviamente, uma peça importante do nosso sistema constitucional", disse o juiz, acrescentando que a sentença pretende enviar uma mensagem ao público em geral sobre o tema.
Quem é Steve Bannon?
Steve Bannon é considerado um dos ideólogos da nova direita radical populista. Ex-produtor de Hollywood, ele foi um dos principais conselheiros da campanha presidencial de Donald Trump em 2016, depois atuou como estrategista-chefe da Casa Branca em 2017, antes de uma briga entre eles.
Aliado do presidente brasileito Jair Bolsonaro (PL), a quem chama de "herói", Bannon falou à BBC News Brasil em setembro.
Na entrevista, não escondeu o fascínio que tem pelo principal adversário do atual presidente nas eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Eu sou fascinado por Lula", diz, afirmando que estudou o petista por "muitos e muitos anos".
Bannon afirmou ainda que a eleição brasileira de 2022 é a segunda mais importante do ano para o seu movimento de direita, e também será, nas palavras dele, "uma das mais intensas e dramáticas eleições do século 21".
"Um enfrentamento, cabeça a cabeça, entre dois políticos carismáticos de estatura global", definiu.
Bannon defendeu também que os militares brasileiros são "ator-chave" em um momento em que o presidente brasileiro faz alegações de fraude nas eleições brasileiras, sem provas. Mas descartou em território brasileiro algum cenário como o da invasão do Capitólio, como até mesmo integrantes do governo americano têm alertado ser possível.
"O mundo exterior não deveria estar metendo o nariz nisso, seja o governo dos Estados Unidos, o pessoal de (fórum econômico de) Davos ou outros globalistas", afirma.
Bannon, porém, admite que o 6 de janeiro foi um erro para seu grupo político — porque os impediu de lançar mão de manobras legislativas que pudessem, de acordo com sua perspectiva, contestar o pleito que elegeu Joe Biden a ponto de forçar nova votação.
Mas assim como três quartos dos republicanos, ele segue repetindo que Biden não é um presidente legítimo.